Protestos violentos na Colômbia contra reforma fiscal deixam vários mortos

O Presidente Iván Duque decretou o envio das Forças Armadas para apoiar a polícia no controlo das manifestações.

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Manifestantes contestam reforma fiscal proposta pelo Governo colombiano Mauricio Duenas Castaneda / EPA
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Reuters/LUISA GONZALEZ
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Ernesto Guzman Jr / EPA
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Depois de um dia marcado por protestos muito violentos em várias cidades colombianas, o Presidente Iván Duque deu ordem para as Forças Armadas patrulharem as ruas para conter novas manifestações. O Governo enfrenta uma enorme contestação popular à reforma tributária que prevê subida de impostos para fazer face ao impacto económico causado pela pandemia da covid-19.

Há vários dias que o descontentamento da generalidade da população colombiana se faz sentir em todo o país. Na quarta-feira tinha sido convocada uma greve geral, mas no sábado as manifestações que coincidiram com o Dia do Trabalhador atingiram o ponto mais alto da contestação.

A violência nas ruas das principais cidades causou um número indeterminado de mortes, com balanços inconsistentes feitos por diferentes instituições. A polícia contabilizou dez homicídios no contexto das manifestações que se encontram em investigação, enquanto o gabinete do provedor de direitos humanos refere pelo menos três mortes de manifestantes em Cali e outras três cujas causas estão por apurar, cita a Reuters.

Grupos locais de defesa dos direitos humanos referem 14 mortes entre as pessoas que participaram nos protestos. Uma das vítimas está a ser identificada como um adolescente de 16 anos que foi filmado a pontapear um polícia que seguia numa motorizada. O agente perseguiu em seguida o jovem e baleou-o duas vezes nas costas. A veracidade do vídeo foi confirmada pelo director para as Américas da Human Rights Watch, José Miguel Vivanco, que diz ter recebido muitas denúncias de abusos cometidos pela polícia em Cali, a terceira cidade do país.

Ao fim do dia, Duque anunciou que vai enviar as Forças Armadas para apoiar a polícia no controlo dos protestos. “A minha obrigação é garantir o direito à manifestação pacífica, mas sobretudo garantir a segurança dos nossos cidadãos”, afirmou o chefe de Estado numa declaração televisiva.

O envio dos militares para as ruas colombianas desperta algum receio de que a repressão violenta sobre os manifestantes possa aumentar, mas Duque garantiu que essas forças estão “treinadas para actuar em contextos urbanos” e que a sua actuação irá fazer-se “dentro do quadro de respeito absoluto pelas normas internacionais de direitos humanos”.

Na véspera, o ex-Presidente Álvaro Uribe, um ultra-conservador que é visto como mentor do actual chefe de Estado, defendeu o recurso às armas pelas forças de segurança para travar os actos de vandalismo de alguns manifestantes. “Apoiemos o direito de soldados e polícias de utilizar as suas armas para defender a sua integridade e defender as pessoas e bens da acção criminosa do terrorismo vândalo”, escreveu Uribe no Twitter. Horas depois, a plataforma removeu a publicação por violação das políticas contra a “glorificação da violência”.

No centro da contestação está a reforma fiscal que o Governo quer aprovar para mitigar o impacto económico da covid-19 no país, que já viu o PIB recuar 6,8% em 2020. A proposta já sofreu algumas mudanças, como por exemplo a manutenção do IVA e da base tributável pelo imposto sobre o rendimento, mas o cenário de imposição de medidas de austeridade num momento de grande dificuldade continua a dar combustível aos protestos.

A progressão da pandemia atirou, em média, dez mil colombianos por dia para a pobreza durante o ano passado. “A Colômbia passou de ter 17,4 milhões de pessoas em situação de pobreza monetária para 21 milhões”, disse ao El Tiempo o director do instituto de estatística, Juan Daniel Oviedo.

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