UE reserva-se direito de tomar “medidas adequadas” em resposta a sanções russas
“Nenhuma sanção ou intimidação vai prevenir o Parlamento Europeu de defender os direitos humanos, a liberdade e a democracia. As ameaças não nos silenciam”, afirmou o presidente do PE, David Sassoli.
A União Europeia condenou a decisão “inaceitável” e injustificada das autoridades russas de punir oito cidadãos europeus, incluindo o presidente do Parlamento Europeu e uma comissária, e anunciou “medidas adequadas” em resposta às sanções.
“A União Europeia reserva-se o direito de tomar as medidas adequadas em resposta à decisão das autoridades russas”, advertiram os presidentes das três instituições da UE, Ursula Von der Leyen, Charles Michel e David Sassoli, numa declaração conjunta na sexta-feira à noite. As sanções europeias são competência dos Estados-membros da UE e é necessária unanimidade para adoptá-las.
Minutos antes, o presidente do Parlamento Europeu, o italiano David Sassoli, ele próprio alvo das sanções russas, denunciara também a decisão da Rússia numa mensagem na sua conta da rede social Twitter.
“Aparentemente, não sou bem-vindo no Kremlin? Suspeitei um pouco… Nenhuma sanção ou intimidação vai prevenir o Parlamento Europeu ou a mim de defender os direitos humanos, a liberdade e a democracia. As ameaças não nos silenciam”, escreveu.
A Rússia anunciou sanções contra oito responsáveis da União Europeia (UE) em represália por medidas idênticas da UE em Março, em mais um episódio no aumento das tensões entre Moscovo e o ocidente.
"A União Europeia prossegue a sua política de medidas de restrição unilaterais ilegítimas dirigidas a cidadãos e organizações russas”, declarou em comunicado a diplomacia do Kremlin, ao precisar que vai proibir a entrada na Rússia de oito responsáveis europeus.
Entre os responsáveis abrangidos estão o presidente do Parlamento europeu, David Sassoli, a vice-presidente da Comissão Europeia (CE) para valores e transparência, a checa Vera Jourová e o procurador de Berlim, Jorg Raupach.
Segundo o comunicado, a Rússia riposta desta forma às sanções impostas pela UE em 02 e 22 de Março a altos funcionários russos, decisões que, na perspectiva de Moscovo, se destinam a “lançar um desafio aberto à independência da política interna e externa russa”.
Em 2 de Março, a UE anunciou a decisão de impor medidas restritivas dirigidas a quatro russos responsáveis, segundo Bruxelas, por graves violações dos direitos humanos, designadamente prisões e detenções arbitrárias, e ainda a repressão massiva e sistemática da liberdade de reunião na Rússia.
As medidas incluem designadamente a proibição de entrada em território da UE e o congelamento dos bens destes altos responsáveis, onde se incluem o chefe do Comité de investigação russo, Alexandre Bastrykine, e o procurador-geral, Igor Krasnov.
Em 22 de Março, o Conselho da UE decidiu introduzir medidas restritivas contra os responsáveis de violações graves dos direitos humanos em diversos países do mundo, nomeadamente por tortura e repressão contra a comunidade LGBT e os opositores políticos na Chechénia, uma república russa do Cáucaso.