Alegre sai em defesa de Cravinho. Declarações de Constança foram “um insulto”
Deputada do PS disse que o antigo ministro devia ter “a memória afectada”, quando se queixou que o PS não deu seguimento ao pacote anticorrupção que elaborou em 2006.
O histórico socialista Manuel Alegre saiu em defesa do ex-ministro do PS João Cravinho e, em declarações ao Expresso, considerou que as palavras da deputada socialista Constança Urbano de Sousa “foram um insulto, uma canalhice e uma falta de respeito por pessoas que tiveram um papel histórico no partido”.
João Cravinho disse em entrevista ao Polígrafo, na SIC, que o Plano Anticorrupção por si criado em 2006 foi travado pelo Governo de José Sócrates. Em reacção, a deputada socialista comentou que o ex-ministro das Obras Públicas devia ter “a memória afectada”.
A ex-ministra da Administração Interna defendeu, aos microfones da TSF, que o PS teve um papel fundamental na construção da legislação de combate à corrupção e considerou que o pacote de medidas do plano de combate à corrupção apresentado em 2006 por João Cravinho foi “praticamente todo concretizado”.
Este foi um dos argumentos utilizados pela líder da bancada socialista, Ana Catarina Mendes, na Quadratura do Círculo na TVI 24, quarta-feira à noite. No entanto, Ana Catarina Mendes foi mais suave na forma como classificou as palavras de Cravinho. “São injustas”, disse.
Nas declarações ao Expresso, Manuel Alegre disse estar “muito mal disposto” com as palavras de Constança Urbano de Sousa, defendeu que a corrupção é “um problema das democracias”, que o PS deve combater, mas não só. Há “uma captura do Estado pelo Bloco Central de Interesses”, afirmou, mostrando-se desiludido com a classe política. “Quase bastava haver uma primeira linha em cada bancada”, disse ao Expresso.
O mal-estar gerado pela gestão do tema estará, aliás, instalado na bancada do grupo parlamentar. O Observador dá conta da insatisfação do deputado Ascenso Simões com a forma como Constança Urbano de Sousa se referiu a João Cravinho e em emails enviados aos colegas de bancada critica a “estratégia suicida no argumentário” que pode levar a um “processo de autodestruição”. “Não tivesse bastado uma intervenção infeliz e temos um novo capítulo de ataque a João Cravinho”, lamenta. Mas o desagrado é mais transversal, conta o Observador, referindo-se à existência de “bastante incómodo” relatada por vários parlamentares com as palavras da deputada Constança Urbano de Sousa, que terá usado um tom “desadequado”.