Adiada a reposição dos sentidos de trânsito nas laterais da Av. da Liberdade, em Lisboa

Intervenção exige obra mais profunda, diz Fernando Medina, que optou por não a fazer durante a pandemia. Teresa Leal Coelho contesta adiamento.

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A circulação nas laterais da avenida foi alterada em 2012 Nuno Ferreira Santos

A mudança dos sentidos de trânsito nas laterais da Av. da Liberdade, aprovada pela Câmara de Lisboa em Outubro do ano passado, foi adiada para o próximo mandato autárquico. Fernando Medina argumenta que não se trata apenas de trocar as placas, mas sim de uma obra de fundo, e preferiu não a fazer durante a pandemia para não prejudicar o comércio local.

“É uma obra que vai implicar um estaleiro significativo, devido às alterações nos semáforos. A obra de repavimentação é muito profunda, porque neste momento ainda há carris de eléctrico nas laterais. Pode haver vantagem em fazer o reperfilamento e o arranjo dos passeios”, disse o autarca na reunião pública desta quarta-feira. “Pareceu-me que em processo de pandemia, numa altura complicada para o comércio, estar a perturbar com uma obra desta natureza seria mais prejudicial do que benéfico.”

A reposição dos sentidos de trânsito nas laterais da avenida foi uma proposta de Teresa Leal Coelho, vereadora do PSD, que contou com os votos favoráveis de todas as forças políticas à excepção do PCP, que se absteve. A eleita social-democrata manifestou interesse em que a intervenção fosse feita até ao Natal de 2020, mas o vereador da Mobilidade logo refreou os ânimos apontando o primeiro semestre de 2021 como prazo.

Esta quarta, questionado por Leal Coelho, Medina explicou as razões do adiamento. “Trata-se de uma questão de prudência, de não abrir uma nova frente de tensão, de stress, numa altura em que as lojas e restaurantes estão num momento de incerteza”, afirmou o presidente.

A explicação não convenceu a vereadora do PSD, que insinuou que Medina tinha mudado de ideias em relação ao assunto. “É preciso cumprir as deliberações. As lojas estiveram em confinamento durante muito tempo, não entendo este adiamento”, disse Teresa Leal Coelho. “Era possível repor os sentidos e deixar a tal mega-obra para o próximo executivo”, opinou.

“A minha intenção é cumprir essa deliberação num momento em que seja razoável”, garantiu Fernando Medina, realçando a morosidade do processo burocrático. “É preciso fazer um concurso para o projecto, é preciso que o projecto seja executado, é preciso fazer a revisão do projecto, é preciso lançar um concurso de empreitada, é preciso esperar que não haja nenhum contencioso com o processo de empreitada, é preciso que a empreitada vá ao Tribunal de Contas, é preciso que seja visada e é preciso que essa obra se execute”, disse.

Os sentidos de trânsito nas laterais da Av. da Liberdade foram alterados em 2012 por iniciativa do então vereador da Mobilidade, Fernando Nunes da Silva, com o intuito de reduzir o tráfego e a emissão de gases poluentes. No ano passado, ao anunciar a Zona de Emissões Reduzidas da Baixa, que também está adiada para o próximo mandato, Fernando Medina disse que a câmara queria repor a situação pré-2012 nas laterais. Nunes da Silva classificou a intenção como “um disparate total”.

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