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Circulação nas laterais da Avenida da Liberdade volta ao normal

Oito anos depois, os sentidos de circulação nas laterais da Avenida da Liberdade vão voltar ao que eram. A vereadora Teresa Leal Coelho, que viu a proposta aprovada em reunião do executivo municipal, prevê que possa ser já em Dezembro. Nunes da Silva, mentor das mudanças, diz que esta decisão é um “disparate total”.

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Joana Freitas / PUBLICO

Se dependesse da vontade da vereadora Teresa Leal Coelho, seria já em Dezembro que se passaria a circular na Avenida da Liberdade como se fazia em 2012. Esta quinta-feira, a Câmara de Lisboa aprovou uma proposta da vereadora do PSD para repor os sentidos de circulação dos corredores laterais da avenida. A alteração teve o apoio de todos os partidos excepto do PCP, que se absteve.

“O compromisso que ficou estabelecido foi para que fosse feita com a maior das celeridades para passarmos o Natal já com normalidade na avenida. Dar o conforto às pessoas de ter uma avenida onde se pode circular com cabeça, tronco e membros”, diz ao PÚBLICO Teresa Leal Coelho.

A bola está agora do lado do vereador da Mobilidade, Miguel Gaspar, que terá de a pôr em prática. O PÚBLICO questionou o gabinete do vereador para perceber se será possível cumprir o prazo avançado por Teresa Leal Coelho, mas ainda não obteve resposta.

Segundo diz a vereadora, entre as alterações que terão de ser feitas está a mudança dos semáforos e terão ser igualmente feitos ajustes nos passeios junto à rotunda do Marquês de Pombal, de modo a permitir a entrada de carros nas laterais, nos sentido agora propostos.

A proposta apresentada em reunião de câmara pela vereadora Teresa Leal Coelho defende que as alterações, feitas em 2012, “em nada beneficiaram a cidade, nem ao nível da qualidade do ar, nem no que diz respeito à diminuição do tráfego”.

A medida lançada há oito anos alterou, além da circulação no Marquês de Pombal, a circulação nas laterais da avenida, sendo impossível percorrê-las sempre no mesmo sentido.

Segunda a proposta de Leal Coelho, estas mudanças “tiveram efeitos imediatos em toda a mobilidade da cidade de Lisboa, devido à importância desta zona enquanto pólo distribuidor dos fluxos de tráfego na cidade”. O objectivo era diminuir o tráfego e assim reduzir a poluição. Mas, adianta o documento, “o facto de existir a obrigatoriedade de entrar no eixo central da avenida, por não haver continuidade de circulação entre secções, não só aumentou o congestionamento das faixas centrais, como não teve o efeito anunciado pela Câmara Municipal de Lisboa no que diz respeito à redução das emissões de gases poluentes, nomeadamente de dióxido de azoto.”

A vereadora cita diversos estudos que indicam que os valores-limite foram várias vezes ultrapassados, sendo muito elevados, o que a leva a concluir que um dos principais objectivos da mudança falhou.

Um “disparate total”

Além da questão da poluição, o PSD salienta as perturbações que o novo esquema criou para moradores e comerciantes, sublinhando que a “medida desencadeou o desvio de tráfego para outras artérias da cidade, que não estavam – nem estão – preparadas para comportar os elevados fluxos sentidos sobretudo em hora de ponta, designadamente as ruas paralelas à Avenida da Liberdade, bem como o eixo da Avenida Almirante Reis e o da Rua da Escola Politécnica”. 

Esta alteração já tinha sido abordada por Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, que anunciou que a defendia. Quando foi apresentado, em Janeiro, o plano que iria fechar parte da Baixa aos carros, um projecto entretanto adiado, estava previsto que na Avenida da Liberdade a circulação automóvel passaria a ser proibida na faixa central entre a Rua das Pretas e os Restauradores, onde a autarquia queria criar um novo Passeio Público. 

Nesse troço, os automobilistas poderiam passar a usar as vias laterais da avenida, que voltarão a ter os sentidos de trânsito que tinham antes das mudanças operadas durante o executivo de António Costa, em 2012. Fernando Medina disse na altura que “é tempo de fazer essa correcção”, sublinhando que os novos sentidos já só são defendidos pelo seu mentor, o então vereador da Mobilidade Fernando Nunes da Silva. Que não poupa nas palavras em reacção à aprovação desta proposta: “Isso é um disparate total.”

Fernando Nunes da Silva acena com dados para provar que, com as alterações nas laterais da avenida, o tráfego diminuiu substancialmente. “Antes de serem invertidos os sentidos nas laterais, o tráfego nas horas de ponta rondava os 750 e os 1000 veículos por hora nas laterais. No ano seguinte, quando se fizeram as contagens de tráfego, tinha-se baixado para os 200, 250 veículos por hora e, às vezes, até menos. O quarteirão mais carregado era o quarteirão do Hotel Tivoli”, nota o engenheiro.

Com a reposição dos sentidos de circulação, admite Nunes da Silva, as laterais passarão a funcionar “como um suplemento de capacidade em relação à faixa central e, portanto, aumentar o tráfego em direcção à baixa, a poluição e criar problemas de estacionamento”.

“Não vejo nenhum interesse nisto, a não ser uma pequena vingança em relação ao que foi feito no mandato do Dr. António Costa”, critica.

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