“O contrato entre a Kenzo e Felipe Oliveira Baptista termina no fim de Junho de 2021, data em que deixará de assumir as actuais funções”, lê-se num comunicado da empresa, divulgado nesta segunda-feira. A notícia da saída de Felipe Oliveira Baptista surge dias depois de o designer português ter apresentado a mais recente colecção desportiva da Kenzo.
Na sua conta de Instagram, Felipe Oliveira Baptista escreve sentir-se “muito honrado por ter estado ao serviço” da Kenzo e do “extraordinário legado do seu fundador, Kenzo Takada”, que morreu em Outubro, aos 81 anos, depois de ter contraído covid-19.
Sobre a decisão, o jornal francês Le Figaro avalia tratar-se de “uma má notícia para a marca”, enquanto o Libération fala em surpresa e desilusão, referindo que o trabalho de Felipe Oliveira Baptista na Kenzo foi afectado pela crise pandémica.
Quando foi anunciada a sua contratação em Julho de 2019, o grupo empresarial Louis Vuitton Moët Hennessy (LVMH) afirmava, em comunicado, que “o talento de Felipe Oliveira como designer, o seu domínio do vestuário e suas raízes pessoais, com origem em culturas muito distintas”, constituíam “activos reais para dar uma nova energia criativa à Casa Kenzo”.
Na estreia na Kenzo, na apresentação da primeira colecção, Felipe Oliveira Baptista recorreu às suas próprias raízes açorianas, inspirou-se na série Tigres do artista plástico português Júlio Pomar, dos anos 1980, e também recuperou o património visual de Kenzo Takada, marcado por tendências florais.
A marca Kenzo foi fundada em 1970, em Paris, pelo designer de moda japonês Kenzo Takada, tendo sido adquirida em 1993 pelo grupo internacional LVMH, que integra outras marcas como Givenchy, Fendi, Marc Jacobs, Louis Vuitton, Christian Dior e Loewe.
Felipe Oliveira Baptista entrou para a Kenzo depois de ter sido director criativo da Lacoste durante oito anos.
Nascido nos Açores, em 1975, Felipe Oliveira Baptista cresceu em Lisboa e estudou em Londres. O percurso profissional na moda consolidou-se em Paris, depois de ter trabalhado para as marcas Lemaire e Cerruti. Em 2002, criou a primeira colecção em nome próprio, apresentada e premiada no Festival Hyères, em França. Em 2012, o Museu do Design e da Moda (Mude) teve uma exposição dedicada ao criador português — à época, a mais vista de sempre do museu.