A gigante francesa de luxo LVMH vai aumentar a sua participação na empresa de moda italiana Tod’s para 10%, um aumento de 6,8% dos 3,2% que já detinha anteriormente. Várias fontes, citadas pela Reuters, descrevem a iniciativa como um “apoio amigável” à fabricante de artigos de couro em dificuldades.
“Através desta transacção, a amizade de 20 anos entre as famílias Arnault e Della Valle é reforçada”, afirmou a Tod’s em comunicado, numa menção aos líderes dos respectivos grupos. No entanto, de acordo com declarações de uma fonte à Reuters, a LVMH não espera continuar a aumentar a sua participação na empresa por enquanto.
O preço acordado por acção foi de 33,10 euros, o que corresponde a um desconto de 10% sobre o preço efectivo que possuem, tendo as acções da Tod’s fechado na quinta-feira a 35,30 euros. Após a transacção, que deverá ser executada a 28 de Abril, a LVMH deterá 63,64% das acções em circulação da empresa italiana. “Estamos muito felizes por reforçar ainda mais esta parceria”, declarou o dirigente do grupo francês, Bernard Arnault, em comunicado.
O fabricante italiano, conhecido pelos seus sapatos de mocassim, lançou uma nova estratégia em finais de 2017 para renovar a sua marca e atrair consumidores mais jovens, mas a crise de saúde pública tem dificultado os seus esforços. Tod’s teve um desempenho pior do que a maioria dos seus rivais em 2020, tendo as suas vendas caído quase um terço, devido aos confinamentos e ao colapso do turismo, marcando o quinto ano consecutivo de queda das suas vendas anuais.
No início deste mês, a influenciadora italiana Chiara Ferragni juntou-se à direcção da marca, numa jogada que fez as suas acções subirem mais de 5%. A empreendedora digital italiana de 33 anos tem mais de 23 milhões de seguidores na sua conta de Instagram, onde partilha conselhos de moda e estilo, bem como sensibiliza para as questões sociais. De acordo com declarações de um comerciante sediado em Milão à Reuters, com esta escolha a marca pretende conseguir um aumento da sua visibilidade e um impulsionamento das suas vendas no desafiante mercado actual.
Tem havido especulações recorrentes no mercado de que a Tod’s poderia ser alvo de uma aquisição por parte de um grupo maior, embora Diego Della Valle, presidente da empresa, que tem aumentado a sua participação na mesma nos últimos anos, tenha negado repetidamente esta possibilidade. Quanto à mais recente transacção com LVMH, atestou: “Isto pode representar uma excelente razão para considerar novas oportunidades a serem aproveitadas de futuro.”
A LVMH, que tem mais de 70 marcas sob a sua alçada depois de construir um império através de uma série de aquisições, relatou na semana passada um aumento das suas vendas no primeiro trimestre do ano, superando as expectativas do mercado e alimentando esperanças de que possa estar a colocar a emergência sanitária para trás das costas. O grupo, muitas vezes considerado um predador, acaba de completar a aquisição da joalharia americana Tiffany no valor de 15,8 mil milhões de dólares e diz estar concentrado em absorver essa compra por agora. No entanto, o analista do banco de investimentos Jefferies, Flavio Cereda, aponta que pode haver especulação de um novo aumento da participação da LVMH na Tod’s.