Tropas russas vão retirar da fronteira com a Ucrânia, mas artilharia permanece
Presidente ucraniano espera que a tensão entre os dois países acalme mas garante que vai manter-se “vigilante”.
O Ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, anunciou esta quinta-feira que as unidades militares que se encontravam junto à fronteira com a Ucrânia vão voltar para as suas bases, uma vez que foi atingido o objectivo de demonstrar “a sua capacidade de providenciar uma defensa sólida do país”. A decisão surge semanas depois de semanas de tensão crescente entre os dois países, devido à mobilização de mais de 100 mil soldados russos.
Algumas unidades do Exército e da Força Aérea serão retiradas até 1 de Maio, mas a artilharia manter-se-á junto à fronteira, equipada com vários mísseis, centenas de camiões e tanques, diz o New York Times, para um segundo grande exercício militar agendado para o Outono deste ano. Não foram referidos, no entanto, os exercícios a decorrer no Mar Negro, perto da costa ucraniana.
O anúncio mereceu uma partilha no Twitter do Presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que recebeu com agrado o recuo das tropas, reduzindo “proporcionalmente” as tensões junto à fronteira, porque a “Ucrânia procura a paz”. Não obstante, o Governo de Kiev vai manter-se “vigilante”, ao mesmo tempo que agradece “aos parceiros internacionais pelo apoio”.
The reduction of troops on our border proportionally reduces tension. ???? is always vigilant, yet welcomes any steps to decrease the military presence & deescalate the situation in Donbas. Ukraine seeks peace. Grateful to international partners for their support #StrongerTogether
— ????????? ?????????? (@ZelenskyyUa) April 22, 2021
A mobilização foi justificada por Shoigu com a realização de exercícios para verificar a prontidão do Exército junto à região de Donbass e da península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. Quando a tensão entre os dois países começou a escalar, Kiev acusou Moscovo de “ameaçar a Ucrânia com a destruição”.
Mas alguns observadores ocidentais acreditam que Moscovo tinha um motivo ulterior: mandar a mensagem a Kiev e à Casa Branca que a Rússia estava pronta para defender os “interesses de segurança”, nas palavras do Presidente Vladimir Putin, refere o Guardian.
Ciente dessa motivação, “a posição da Ucrânia não vai mudar”, disse na quinta-feira o consultor de segurança nacional de Zelensky, Oleksiy Danilov, citado pelo New York Times, alertando para o facto de a Rússia querer “trazer de volta o império de acordo com as fronteiras que existiram no século anterior”.
Vários países ocidentais e entidades internacionais, como a NATO e a União Europeia, mostraram-se preocupados com a ofensiva russa, oferecendo o seu apoio à Ucrânia. O Presidente norte-americano, Joe Biden, em particular, deixou o alerta a Putin para não iniciar acções militares.
A tensão entre EUA e Rússia aumentou quando as autoridades norte-americanas impuseram mais sanções sobre a Rússia, em retaliação pelos ciberataques levados a cabo por Moscovo e pela interferência nas eleições norte-americana. O Kremlin retribuiu as sanções e acusou as potências ocidentais de estarem a “ultrapassar os limites”, ameaçou Putin no discurso anual do estado da nação.