Presidente do Barcelona insiste na Superliga: “É absolutamente necessária”
Joan Laporta alinhado com Florentino Pérez na defesa da competição que foi apresentada no último domingo e que foi rejeitada pelo mundo do futebol.
Não são muitas as vezes que os presidentes do Barcelona e do Real Madrid estão de acordo com alguma coisa, mas a Superliga europeia, um projecto que tinha os dois gigantes do futebol espanhol como fundadores, é uma delas. Tanto Joan Laporta, presidente do Barcelona, como Florentino Pérez, líder do Real, fizeram a defesa pública da competição que mereceu rejeição universal desde que foi apresentada no último domingo.
“A Superliga é absolutamente necessária. A nossa posição é de prudência. É uma necessidade, mas a última palavra será dos sócios”, afirmou nesta quinta-feira o recém-eleito presidente do clube catalão, em declarações ao canal TV-3, referindo-se à necessidade de a entrada do Barcelona nesta Superliga estar dependente da aprovação dos sócios “culé”.
Numa altura em que o Barcelona vive com um défice financeiro superior a mil milhões de euros, Laporta insistiu na validade da ideia. “Os clubes contribuem com muitos recursos, devemos ser escutados e atendidos no que diz respeito à partilha económica. Tem de ser uma competição atractiva, baseada em méritos desportivos. Somos defensores das ligas nacionais e estamos abertos a um diálogo com a UEFA. Nós precisamos de mais recursos para que isto seja um grande espectáculo e acredito que haverá acordo”, reforçou o presidente do Barça.
O clube catalão, acrescentou Laporta, tem muitos compromissos para cumprir. “Fizemos investimentos muito importantes, os salários são muito altos e temos de ter tudo isto em conta, sem esquecer os méritos desportivos”, frisou Laporta, para quem o cheque de 350 milhões que a entrada na Superliga garantiria, à cabeça, daria muito jeito para aliviar as depauperadas finanças do clube catalão.
Estas declarações de Laporta surgiram já depois de quase todos os clubes fundadores terem voltado as costas a uma ideia que iria incluir seis equipas inglesas, três espanholas e três italianas, mais três fundadores que ainda não tinham sido anunciados e a participação de outros cinco em regime rotativo.
"Se querem uma equipa da Turquia...”
Antes de Laporta falar, já Florentino Pérez tinha dado uma entrevista à Cadena Ser, com um discurso de vitimização perante a rejeição universal de uma competição da qual seria (ainda é) o primeiro presidente. “Nunca vi tanta agressividade, parecia orquestrado. Surpreendeu-nos a todos. Quando divulgámos a Superliga, pedimos para falar com os presidentes da FIFA e da UEFA. Ninguém nos respondeu. Em 20 anos nunca vi esta agressividade. Ameaças, insultos, como se tivéssemos matado o futebol”, disse o líder “merengue”.
Florentino voltou a apresentar-se como o salvador do futebol e reforçou a ideia que nem todos podem ser grandes no futebol: “Não é toda a gente que pode vestir roupa de grande. A realidade é o que nos dizem as audiências. Se, em 20, tem dez bons e dez mais ou menos, cada vez que tens um mau perdes 20% dos bilhetes. Eu vim ajudar. Não entendo este formato da Champions. E eu não sou parvo. Trabalhámos para apresentar a melhor solução. Mas se querem uma equipa modesta da Turquia... É que o dinheiro vem dos bons jogos. Tem de haver um Federer-Nadal todas as terças e quartas.”
Para o presidente “merengue”, o conceito de solidariedade deste projecto é o Real Madrid ganhar mais dinheiro para, depois, poder comprar jogadores aos outros clubes, e revelou que as três vagas que não foram preenchidas estavam destinadas a clubes alemães e franceses, para além de suspeitar de uma dissidência entre os seis ingleses que acabou por influenciar os outros cinco: “Havia uma equipa no grupo inglês que não tinha muito interesse e acabou por contagiar os outros. Assinámos um acordo vinculativo, mas, com a Premier League em chamas, eles acabaram por abandonar.”
Atlético pede desculpa
Ao contrário dos seus parceiros espanhóis do projecto, o Atlético Madrid, através das palavras do seu administrador Miguel Ángel Gil, pediu desculpa aos sócios “colchoneros”, numa longa carta dirigida aos adeptos, pelo seu envolvimento na Superliga Europeia, com o argumento de que não podia ficar para trás e “não estar nesse grupo de equipas que são os principais geradores de conteúdos no mundo do futebol”.