Novos eléctricos da Carris chegam a Lisboa em 2023
Veículos custam 43,3 milhões de euros e permitirão alargar a rede. Transportadora também lançou concurso para a aquisição de autocarros eléctricos.
Mais de dois anos depois de ter lançado o concurso público para a compra de novos eléctricos, a Carris assinou esta quarta-feira o contrato com a construtora ferroviária basca CAF. Na melhor das hipóteses, o primeiro dos 15 veículos chegará a Lisboa em meados de 2023, com um atraso superior a dois anos relativamente às previsões da empresa.
Esta demora deveu-se a impugnações judiciais apresentadas pelas outras empresas que concorreram e falta ainda obter o visto prévio do Tribunal de Contas para que a CAF possa começar a construir os eléctricos, que se destinam a reforçar a oferta na carreira 15.
Mesmo sendo a mera assinatura de um contrato, e tendo ao lado um dos eléctricos articulados que a cidade conhece desde 1995, o presidente da Carris classificou este como “um dia marcante” e “histórico” porque “ao fim de mais de 25 anos, a Carris volta a apostar no mundo dos eléctricos”. Tiago Farias diz tratar-se de uma compra que vai “oferecer mais conforto e maior capacidade” a uma linha que em tempos pré-pandémicos andava de tal forma abarrotada que a empresa se via constantemente obrigada a reforçar a oferta com autocarros.
Por 43,3 milhões de euros, a Carris vai receber 15 eléctricos articulados com capacidade para 221 passageiros e ficará com uma frota de 25 destes veículos. Nas garagens estão ainda 38 eléctricos históricos, mas não há novidades quanto ao prometido concurso para a compra de mais.
A Câmara de Lisboa, que em 2017 se tornou a única accionista da Carris, conta com a entrada ao serviço dos novos eléctricos para poder alargar o 15 ao Jamor, a Santa Apolónia e ao Parque das Nações, mas também para tirar do papel a chamada Lios – uma linha projectada para Alcântara, Ajuda, Restelo, Miraflores e Linda-a-Velha, a ocidente, e para Portela e Sacavém, a oriente.
Também neste projecto há empecilhos. A linha não pode ser prolongada entre o Campo das Cebolas e Santa Apolónia antes de ser construído um dos túneis do Plano Geral de Drenagem, que terminará precisamente junto à estação ferroviária. O concurso para a construção desse túnel foi impugnado e o contrato ainda não foi adjudicado.
Sem eléctricos novos para mostrar e com um caminho espinhoso pela frente, Fernando Medina não deixou de fazer a festa. Em jeito de balanço dos quatro anos de municipalização da Carris, o autarca classificou-a como “a excelência de uma empresa pública bem gerida”. Em vez de “uma Carris incapaz de servir a cidade e incapaz de servir os lisboetas”, é hoje “um caso de sucesso” em que “todos os objectivos estratégicos definidos há quatro anos foram concretizados”, afirmou Medina.
Sublinhando que a empresa foi “a única operadora do país que em tempo de pandemia aumentou a sua oferta”, o presidente da câmara contrapôs a municipalização à gestão pelo Estado central e à subconcessão a privados, como chegou a ser decidido no Governo de Passos Coelho. “Alguém pensa que isto tinha acontecido se tivesse havido a privatização?”, questionou.
Ainda durante a cerimónia foi lançado um novo concurso público para a compra de 30 autocarros eléctricos. Actualmente a Carris dispõe de 15, alocados à carreira 706. O preço-base é de 16,7 milhões de euros e, a crer nas previsões, o primeiro destes autocarros poderá entrar ao serviço no fim deste ano.