Estima-se que terão existido 2500 milhões de T-rex
O T-rex está entre os maiores dinossauros carnívoros. Tinha um crânio de 1,5 metros de comprimento e grandes e musculosas mandíbulas com uma força capaz de esmagar ossos.
Se um Tyrannosaurus rex – um dinossauro carnívoro do tamanho de um autocarro que andava na Terra no período Cretácico – já parece impressionante, como seria se existissem 2500 milhões deles? Esta quinta-feira, uma equipa de investigadores revelou o primeiro cálculo da população de T-rex durante os 2,4 milhões de anos que esta espécie habitou o Oeste da América do Norte durante o crepúsculo da era dos dinossauros.
Para este estudo foram considerados factores como a dimensão da sua área geográfica, a sua massa corporal, o padrão de crescimento, a idade da maturidade sexual, a esperança de vida, a duração de uma única geração e o tempo total que os T-rex viveram antes da extinção dos dinossauros há 66 milhões de anos. Também foi considerada a lei de Damuth, que liga a população à massa corporal: quanto maior o animal, menos são os indivíduos.
A análise estima que existiram cerca de 2500 milhões de T-rex, incluindo aproximadamente 20 mil adultos vivos ao mesmo tempo. Foram encontrados fósseis de mais de 40 T-rex desde que este dinossauro foi descrito pela primeira vez em 1905, o que forneceu informações sagradas sobre esta “fera” que entrou no imaginário popular.
“Porque é que é icónico?”, questiona o paleontólogo Charles Marshall, que liderou o estudo agora publicado na revista científica Science. “Era um grande assassino com dentes enormes, que nem sonharíamos que tivesse existido se não tivéssemos um registo fóssil. Era como o Godzilla, mas real. Acho que gostamos de nos sentir pequenos e o T-rex nos fazia sentir pequenos e vulneráveis.”
O T-rex está entre os maiores dinossauros carnívoros. Tinha um crânio de 1,5 metros de comprimento, grandes e musculosas mandíbulas com uma força capaz de esmagar ossos, uma boca cheia de dentes serrilhados do tamanho de bananas, um apurado sentido de olfacto, pernas fortes e braços frágeis com mãos com apenas dois dedos.
Nas estimativas do novo estudo foi considerado um peso médio de 5,2 toneladas para um T-rex, uma esperança de vida média de 28 anos, o tempo de uma geração de 19 anos, o número total de gerações da espécie em cerca de 125 mil e uma abrangência geográfica de 2,3 milhões de quilómetros quadrados. A equipa calculou que a densidade média de uma população fosse de um T-rex por 100 quilómetros quadrados.
Embora as incertezas nas estimativas sejam muitas e algumas das suposições possam ser contestadas por outros paleontólogos, o estudo é um esforço válido para aumentar o conhecimento deste famoso dinossauro, considera Charles Marshall, director do Museu de Paleontologia da Universidade da Califórnia. O paleontólogo adianta que a fórmula usada neste estudo pode ser aplicada noutros animais extintos.
Ashley Poust, paleontólogo do Museu de História Natural de San Diego (nos Estados Unidos) e também autor do estudo, diz que, embora 2500 milhões seja muito, esse número representa apenas um terço da actual população humana na Terra. “[Os T-rex] deveriam ter de se encontrar, possivelmente, a longas distâncias para acasalar, ou talvez para cuidar das suas crias”, refere o paleontólogo. “Os números podem parecer elevados, mas acho que os vejo como uma janela para as suas vidas.”
Fósseis do T-rex já foram descobertos nas províncias canadianas de Alberta e Saskatchewan e nos estados norte-americanos de Montana, Wyoming, Dakota do Sul, Dakota do Norte, Utah, Colorado, Novo México e Texas. O T-rex extinguiu-se quando um asteróide atingiu o México e exterminou três quartos das espécies da Terra. O maior T-rex que se conhece é talvez um exemplar chamado “Sue”, que está no Museu Field, em Chicago. Media 12,3 metros de comprimento, pesava nove toneladas e viveu cerca de 33 anos.