Retirada dos Estados Unidos do Afeganistão começa a 1 de Maio

Presidente Joe Biden diz, em discurso a partir da Casa Branca, que “chegou a hora da América terminar a sua mais longa guerra”.

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Joe Biden recordou o filho Beau Biden no discurso Andrew Harnik/EPA

A retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão vai começar a 1 de Maio e estará finalizada a 11 de Setembro, anunciou esta quarta-feira o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Num discurso à nação a partir da Casa Branca, Biden afirmou que “chegou a altura das tropas americanas regressarem a casa”, fechando assim 20 anos de presença militar ininterrupta, iniciada após os ataques de 11 de Setembro de 2001.

“Fomos para o Afeganistão por causa de um horrível ataque que aconteceu há 20 anos”, disse Joe Biden no discurso proferido na Treaty Room, “isso não explica por que razão devemos lá continuar em 2021.”

“A retirada não será precipitada. Será feita de forma responsável, deliberada e segura”, afirmou, justificando o intervalo de tempo entre 1 de Maio e 11 de Setembro. A saída das forças militares norte-americanas será feita em “em coordenação total com os  nossos aliados e parceiros, que agora têm mais tropas no Afeganistão do que nós”, adiantou o Presidente dos Estados Unidos, deixando um aviso aos taliban: “Se nos atacarem enquanto nos afastamos, defender-nos-emos e aos nossos parceiros com todas as ferramentas à nossa disposição”.

“Sou agora o quarto Presidente americano a liderar a presença de tropas americanas no Afeganistão. Dois republicanos. Dois democratas. Não vou passar essa responsabilidade para um quinto”, prometeu Joe Biden, afirmando que “chegou a hora da América terminar a sua mais longa guerra.”

Para o sucessor de Donald Trump na Casa Branca, é agora tempo dos Estados Unidos se dedicarem a outras prioridades no estrangeiro. “Em vez de regressar à guerra com os taliban, devemos concentrar-nos nos desafios que temos pela frente. Temos que seguir o rasto e desmantelar as redes e operações terroristas que se espalharam muito além do Afeganistão desde o 11 de Setembro de 2001. Precisamos de apoiar a competitividade dos americanos para enfrentar a forte concorrência de uma China cada vez mais confiante”, referiu Biden, apontando a pandemia de covid-19 como grande prioridade: “Temos que derrotar esta pandemia e fortalecer os sistemas globais de saúde para nos prepararmos para a próxima, porque haverá outra pandemia. Seremos muito melhores aos olhos dos nossos adversários e concorrentes a longo prazo se lutarmos as batalhas pelos próximos 20 anos, não pelos últimos 20.”

A retirada das forças militares do Afeganistão não significa que os Estados Unidos deixarão de estar atentos à ameaça terrorista em todo o mundo. “Sob a minha direcção, a minha equipa está a definir a estratégia nacional para monitorizar e combater ameaças em qualquer lugar onde possam surgir, seja em África, Europa, Médio Oriente ou noutros lugares”, reforçou Biden.

No seu discurso, o Presidente dos EUA recordou o filho Beau Biden, já falecido e que combateu no Iraque, como a sua “Estrela do Norte”. 

“Sou o primeiro Presidente em 40 anos que sabe o que significa ter um filho numa zona de guerra”, disse, destacando o facto de, nesta altura, existirem soldados a combater na mesma guerra em que os seus pais lutaram. 

“Temos soldados que ainda não tinham nascido quando a nossa nação foi atacada a 11 de Setembro de 2001. A guerra no Afeganistão nunca foi pensada para ser multigeracional. Fomos atacados. Fomos para a guerra com objectivos claros. Alcançámos esses objectivos. Bin Laden está morto e a Al Qaeda está degradada no Afeganistão. É hora de acabar com esta guerra eterna”, afirmou Biden, que logo a seguir ao discurso visitou o Cemitério Nacional de Arlington para prestar homenagem aos soldados mortos em combate.

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