Artur Garcia (1937-2021): o rival de António Calvário

Visto como o grande rival de António Calvário, foi um dos cantores mais populares da música ligeira portuguesa dos anos 60.

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Artur Garcia a interpretar Porta Secreta no Festival da Canção

O cantor Artur Garcia, muito popular nos anos 60, morreu esta quarta-feira na Aldeia de Juzo, em Cascais, a um dia de comemorar o seu 84.º aniversário.

Contemporâneo e rival de António Calvário — ou pelo menos assim o sugeriam as revistas da época, como a Flama ou a Plateia — é autor de alguns sucessos da música ligeira portuguesa dos anos 60 e 70, como Porta Secreta, que levou ao Festival RTP da Canção em 1967, Amor, Menina Triste, Casaca Azul e Oiro, Como o Tempo Passa, Olhos de Veludo ou O Homem do Leme.

Nascido a 14 de Abril de 1937, em Lisboa, começou a cantar muito novo. Trabalhava num pronto-a-vestir dos Armazéns Grandela quando, estimulado pelos colegas, foi prestar provas à Emissora Nacional, onde entrou em 1955, aos 18 anos, para frequentar o Centro de Preparação de Artistas. Em 1960 ingressou nos quadros da Emissora Nacional e no mesmo ano gravou o primeiro dos seus muitos discos.

Em 1964 concorreu ao primeiro Festival RTP da Canção, que então se chamava ainda Grande Prémio TV da Canção, e conseguiu um oitavo lugar com Finalmente. Em primeiro ficou Oração, a canção que consagrou António Calvário.

Ao contrário de Calvário, mas também de duas cantoras da época — Madalena Iglésias e Simone de Oliveira —, Artur Garcia nunca venceu o Festival da Canção. A sua prestação mais recordada no concurso aconteceu em 1967, com Porta Secreta, que chegou ao quinto lugar e é provavelmente ainda hoje a sua canção mais conhecida.

Esse final dos anos 60 marca o apogeu da sua popularidade. Em 1967 venceu o festival luso-espanhol de Aranda de Duero com A Dança do Mundo, no ano seguinte ganhou o festival da Figueira da Foz com Olhos de Veludo — feito que veio a repetir com O Homem do Leme —, e entre 1967 e 1969, foi sucessivamente eleito por votação popular “Rei da Rádio”, destronando António Calvário. 

Sucesso em Espanha

Actuou em vários países e teve particular sucesso em Espanha, onde chegou a ser muito popular. Muitos dos seus discos saíram na chancela espanhola Marfer. Após o 25 de Abril, a sua carreira abrandou, mas continuou a actuar e a gravar, e em 1977 realizou uma digressão com Amália Rodrigues pelos Estados Unidos e Canadá.

Filho de um actor amador, também foi um apaixonado pelo teatro de revista. Estreou-se no Teatro Maria Victória com Todos ao Mesmo, em 1965, e participou em muitos outros espectáculos, como Sete Colinas ou Frangas na Grelha.

Em 2005 celebrou os seus 50 anos de carreira com um espectáculo em Lisboa, e em 2007 a cidade onde nasceu atribuiu-lhe a Medalha de Mérito Municipal no âmbito das comemorações do Dia Mundial do Teatro. A confiar numa nota então difundida pela Câmara de Lisboa, Artur Garcia já teria então gravado cerca de 250 discos.

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