Fotografia
Uma Viagem Maior por Portugal: 20 fotografias que duram toda uma vida
A Fugas revela uma fotografia por cada dia desta Viagem Maior, livro, exposição e diálogo de Duarte Belo e João Abreu entre espaço e tempo. Este é o retrato possível de um país "cujos contornos se desvanecem num interminável labirinto".
"Havia, desde o início, a fixação dos pontos de partida e de chegada." Duarte Belo desenhou uma viagem que resume mais de trinta anos de mapeamento fotográfico da paisagem e da arquitectura portuguesas — fez uma viagem no tempo, utilizando fotografias a preto e branco, feitas em película entre as décadas de 80 e 90.
Durante vinte dias, João Abreu partiu, solitário, para a estrada para fazer os 6000 quilómetros delineados, distância que permitiria ligar o Cabo da Roca aos Montes Urais, na Rússia, o limite terrestre da Europa. Esta Viagem Maior — um livro (edição Museu da Paisagem) que encerra a trilogia de que fazem parte Caminhar Oblíquo e Depois da Estrada, reflexões sobre o país e a condição de viajante; uma exposição que se abre ao público no dia 9 de Abril (17h) na Casa da Avenida, em Setúbal — "é um diálogo entre espaço e tempo", "dois itinerários complexos que se entretecem em diálogo", explicam os seus autores, habituados a caminhadas longas, centenas de quilómetros nas pernas, solos de diferentes texturas.
São dois olhares sobre uma linha, entre o Picoto da Melriça e a Ponta da Erva, e o retrato possível de um país "cujos contornos se desvanecem num interminável labirinto". "Pode-se dizer que são praticamente infinitas as possibilidades de percorrermos um espaço da dimensão de um pequeno país como Portugal."
Definiu-se como ponto desta partida o centro geodésico de Portugal — o Picoto da Melriça — e, enquanto a partir daí se media todo o país, seleccionou-se o ponto final, a Ponta da Erva, de características "singulares" ("É como o centro da Área Metropolitana de Lisboa, simultaneamente, é um lugar de Natureza").
A exposição, o livro e a viagem são baloiços esquecidos na paisagem, carcaças de carros, ruínas e aço retorcido como os galhos das árvores, é a sombra das nuvens e os letreiros que só nós lemos, os muros de pedras encaixadas e os portões inventados, é a paisagem e os nossos atentados.
“A descoberta da terra é um fascínio que nos transporta ao conhecimento do tempo, da memória, da compreensão de uma posição actual, eventualmente, do significado possível da nossa própria vida. O que a terra nos diz é que dela fazemos parte, mesmo no processo de afastamento em que nos encontramos, na procura de um paraíso, que, afinal, não existirá. Inventámos as cidades para fugir de uma natureza imprevisível dura e hostil. Esta viagem mostra-nos as múltiplas dimensões de um país. Não nos é possível detalhar todos os episódios, as histórias, associadas a cada lugar, mas esta é uma terra plena de memória. São lugares de luta permanente, de invenção da civilização e do futuro.” Luís Octávio Costa
Viagem Maior
Texto e Fotografias: Duarte Belo e João Abreu
Edição Museu da Paisagem
Preço: 33,00€
E-mail
Site