Cesare Pavese: o fim da estrada

Em A Lua e As Fogueiras está a síntese do enorme talento de Cesare Pavese. Um homem regressa à sua aldeia do Piemonte após vinte anos fora a fazer fortuna na América, e quer encontrar o que já conhecia. Um romance nostálgico, político, íntimo.

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O desespero de perceber que talvez seja tudo igual. Mas escrito de maneira comovente, única

“Este verão hospedei-me no hotel do Angelo, no largo da vila, onde já ninguém me conhecia, grande e gordo como estou. E eu também não conhecia ninguém na vila; nos meus tempos raramente se vinha cá, vivia-se na estrada, pelos caminhos, nas eiras. A vila fica num ponto alto do vale, a água do Belbo passa diante da igreja meia hora antes de se alargar ao fundo das minhas colinas.” O narrador de A Lua e as Fogueiras não tem nome, quando regressa à aldeia, aos 40 anos, mais de vinte depois de ter saído. Chamam-lhe o Americano, porque fez fortuna na América. Antes, quando ali vivia, era o bastardo, o Enguia, o criado. “Não nasci aqui, quase de certeza; onde nasci não sei: não há por estes lados uma casa, nem um pedaço de terra, nem ossos nenhuns que eu possa dizer ‘aqui está o que eu era antes de nascer’.” Porquê regressar então? Essa é a pergunta que atravessa o derradeiro livro de Cesare Pavese, terminado em Novembro de 1949, vencedor do Prémio Strega em 1950, considerado o melhor romance do autor de O Ofício de Viver, Férias em Agosto ou A Praia. A 27 de Agosto de 1950 suicidava-se.

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