A britânica Next juntou-se, nesta quinta-feira, a uma lista crescente de retalhistas de roupas europeus que suspenderam novos pedidos de produção com fábricas birmanesas, depois do golpe militar de Fevereiro. O país tem sido abalado por protestos desde que o Exército derrubou o Governo eleito da Nobel Aung San Suu Kyi , alegando fraude nas eleições de Novembro.
Desde que os protestos começaram, em Fevereiro, que pelo menos 536 civis foram mortos, 141 deles no sábado, o dia mais sangrento das manifestações. Os números são da Associação de Assistência a Presos Políticos (AAPP).
O país é conhecido a nível mundial pelos seus fios, tecidos e produtos têxteis, e a indústria de vestuário é uma fonte importante em termos económicos. “De momento, não estamos fazendo mais pedidos, isso é um grande passo”, declarou Simon Wolfson, CEO da Next, depois da empresa ter divulgado os seus resultados anuais.
Apesar de a marca não comprar muito na Birmânia, apenas 5% do stock da Next era fornecido por aquele país, a empresa já encontrou outras alternativas, acrescentou o responsável, avançando que as encomendas foram feitas ao Bangladesh, Camboja e China.
Na quarta-feira, a Associated British Foods anunciou que a Primark, o seu negócio de moda rápica, suspendeu os pedidos feitos a fábricas birmanesas, seguindo os passos da sueca H&M da Suécia, a segunda maior retalhista de moda mundial; e do grupo italiano Benetton.
Já na segunda-feira, a italiana OVS declarou que manterá a sua “presença limitada” na Birmânia, mas interromperá os seus negócios com fornecedores que ajam de forma discriminatória em relação aos trabalhadores envolvidos em manifestações contra a junta militar. A britânica Marks & Spencer disse que mantém suspensos os pedidos e está a rever as futuras encomendas.
Também esta quinta-feira, a Grã-Bretanha sancionou um conglomerado birmanês pela sua estreita ligação com a liderança militar, que o ministro das Relações Exteriores, Dominic Raab, acusa de estar a matar inocentes, incluindo crianças.