Suicídios nas cadeias quase duplicaram em 2020

É preciso recuar década e meia para encontrar números da mesma ordem de grandeza. Por enquanto não há explicações para o fenómeno.

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Nuno Ferreira Santos

Os suicídios de reclusos nas cadeias portuguesas quase duplicaram em 2020, revela o mais recente Relatório Anual de Segurança Interna. Não existem explicações para o fenómeno, pelo menos por enquanto.

Assim, enquanto em 2019 se tinham registado 64 óbitos, 11 dos quais por suicídio, no ano passado 21 pessoas puseram termo à vida nos estabelecimentos prisionais, tendo morrido um total de 75 reclusos. É preciso recuar a 2005 para encontrar um valor da mesma ordem. No que diz respeito aos óbitos por doença, os serviços prisionais atribuem-nos ao envelhecimento progressivo desta população e à existência de patologias de elevada morbilidade “que afectam parte dos reclusos à entrada no sistema prisional”.

Diz o relatório que os valores do suicídio para 2020 confirmam o padrão registado nos últimos anos. Todas as cadeias contam com um programa integrado de prevenção deste fenómeno que aposta na detecção precoce de sinais de risco, considerado insuficiente por algumas organizações, como o Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional. Por outro lado, existem poucas prisões equipadas com quartos de segurança, que de resto não servem apenas para este tipo de situações.

É frequente a tentativa de suicídio por parte de homicidas de familiares ou de pessoas próximas. Foi o que sucedeu por exemplo em Maio passado com o jovem que assassinou uma colega de turma com quem tivera um relacionamento amoroso, Rúben Couto. O pai de Valentina, a menina que terá morrido às suas mãos em Atouguia da Baleia, também já fez pelo menos duas tentativas.

Se contabilizarmos as mortes deste tipo na última década, somam 147 reclusos. Já no primeiro trimestre de 2021 não se registou nenhum suicídio.

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