Trabalhadores da refinaria de Matosinhos “a caminho do despedimento colectivo”

Reuniões com os trabalhadores terminam a 31 de Março e “ninguém está a aceitar” propostas de rescisão por mútuo acordo apresentadas pela petrolífera, diz sindicato.

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Trabalhadores dizem não compreender “dualidade de critérios” do Governo face à refinaria de Matosinhos e à Groundforce Nelson Garrido

A Galp está a manter conversas com os trabalhadores da refinaria de Matosinhos até ao final deste mês. Para “a maioria das pessoas, a proposta tem sido a de rescisão por mútuo acordo”, com compensação de 1,8 salários por cada ano de trabalho, mas como “ninguém está a aceitar”, o que se perspectiva é que “vamos a caminho do despedimento colectivo”, disse ao PÚBLICO o dirigente do SITE Norte, Telmo Silva.

“Podemos dizer à confiança que, das cerca de 500 pessoas que temos apontado desde o início, 400 e tal vão para despedimento colectivo”, afirmou o sindicalista. “Nem mobilidade [dentro do grupo Galp], nem permanecer no parque logístico” de armazenamento e distribuição de combustíveis a que ficará reduzida a refinaria.

Segundo o dirigente sindical, a empresa tem estado a realizar rondas de reuniões com os trabalhadores, que terminarão a 31 de Março. A todos tem estado a dar o prazo de sete dias para decidirem se aceitam as condições da rescisão.

Para alguns, os termos da proposta de rescisão passam por deixar a empresa a 1 de Abril, a outros é apresentada a data de 1 de Julho, o que indicia, segundo Telmo Silva, que “o despedimento colectivo possa acontecer em momentos diferentes”.

Depois dessa data, só entrarão nas instalações as pessoas autorizadas para os trabalhos de desactivação (que deverão terminar em 2023) e as que fiquem ao serviço do parque logístico.

“Aos poucos” trabalhadores a que a empresa está a propor ficarem, o que tem sido dito é que “têm de aceitar que lhes seja revista a categoria profissional”, relatou.

A Galp já afirmou que pelo menos 70 trabalhadores irão permanecer no parque logístico, mas Telmo Silva diz que esta é uma “meta fictícia”.

“Vão limpar tudo o que puderem limpar, e, mais tarde, quando as águas estiverem mais calmas, passam tudo para outsourcing”, afirmou, dizendo que isso já aconteceu “há um ano, com a expedição de veículos cisterna”, que ficou entregue a empresas externas.

Nesta fase, a empresa poderia passar para essa actividade “cerca de 30 trabalhadores” que agora estão a ser convidados a sair, “mas nem isso está a fazer”, criticou.

Dizendo que a nenhum dos representantes das estruturas representativas dos trabalhadores foi proposto ficar, o sindicalista manifestou incompreensão pela “dualidade de critérios” do Governo perante os trabalhadores da refinaria de Matosinhos e os da Groundforce (que também chegaram a ser recebidos por assessores do Presidente da República, ao contrário dos da refinaria).

“Não conseguimos perceber como é que numa empresa que dá prejuízo e não paga salários o Governo vai investir para salvar os postos de trabalho e sobre esta diz que não tem uma palavra a dizer, apesar de ser o segundo maior accionista”, afirmou.

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