Cinema corporate, o supervilão, contra cinema autorístico, o super-herói
Como se Liga da Justiça quisesse ser o encontro entre o romance russo e o filme de super-heróis.
O “filme de super-heróis”, o único género do cinema americano do pós-11 de Setembro, parece estar a sofrer as dores de uma crise de autoridade, na mais funda acepção desta última palavra. Principal ganha-pão dos grandes estúdios americanos dos últimos vinte anos, cultor da reciclagem da própria reciclagem, estandarte da cultura cinematográfica “multiplex”, apogeu do corporate filmmaking — e, em grande parte por estas mesmíssimas razões, vilipendiado por boa parte da crítica e sujeito aos queixumes de figuras patriarcais do actual cinema americano (o pequeno escândalo das declarações de Martin Scorsese há uns meses, numa das poucas ocasiões de tempos recentes em que acedeu a trocar a bonomia da pose de “avô Cantigas” — “avô Fitas?” — da cinefilia americana por um pouco mais de contundência).Portanto, e em resumo, ao aproximar-se da idade adulta, o filme de super-heróis sente a necessidade de ser levado a sério, e, passo essencial (porque isto é cinema, afinal de contas), de ter “autores”. Eis, então, que Zack Snyder se chega à frente e se torna um dos poucos realizadores em toda a história do cinema (como Federico Fellini ou John Carpenter) a ter o seu nome como parte integrante do título de um filme seu.
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