Vacina da gripe pode estar associada à diminuição dos casos de covid-19

O novo estudo conclui que, tendo em atenção variáveis como etnia, género, idade e outros factores, entre os participantes que levaram a vacina da gripe apenas 4% contraíram a covid-19.

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Os doentes que receberam a vacina da gripe também tinham menos probabilidades de precisar de hospitalização e ventiladores Daniel Rocha

A vacinação contra a gripe pode fazer baixar o número de infecções pelo SARS-CoV-2, aponta um novo estudo. Com base na análise dos registos médicos de mais de 27.000 doentes no Michigan (Estados Unidos), que foram testados à covid-19 em Julho, percebeu-se que quem foi vacinado contra a gripe no ano anterior tinha menos probabilidades de ter um teste positivo à doença provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2.

Dos 27.201 doentes que foram testados à covid-19, 1218 tiveram um resultado positivo – ou seja, 4,5% do total. Assim, a principal autora do estudo, Marion Hofmann Bowman, continua a recomendar a toma da vacina contra a gripe.

Olhando para os dados com atenção às variáveis (como etnia, género, idade e outros factores ligados à saúde), percebe-se que, dos que levaram a vacina da gripe, apenas 4% contraíram a covid-19. Entre os que não tinham recebido a vacina da gripe, a percentagem de testes positivos à covid-19 subia aos 4,9%.

Apesar de parecer uma diferença pequena, os cientistas chegaram à conclusão de que a probabilidade de um teste positivo à covid-19 reduzia 24% nos doentes que foram vacinados contra a covid-19.

Ainda não se sabe ao certo porque acontece: pode estar relacionado com os comportamentos mais cautelosos das pessoas que escolhem ser vacinadas contra a gripe. Mas pode também dever-se à “imunidade treinada”, através do qual a exposição a uma doença pode ajudar o sistema imunitário a responder a outras ameaças.

“É possível que os pacientes que recebem a vacina contra a gripe também sejam pessoas que estejam a praticar mais o distanciamento social e a seguir as directrizes recomendadas. No entanto, também é plausível que possa haver um efeito biológico directo da vacina contra a gripe no sistema imunitário relevante para lutar contra o vírus SARS-CoV-2”, diz em comunicado Marion Hofmann Bowman, professora de medicina interna e cardiologista do Centro Frankel de Medicina Cardiovascular da Universidade do Michigan.

Neste estudo, os pacientes que receberam a vacina da gripe também tinham probabilidades mais baixas de precisar de hospitalização e de ventiladores.

Existem ainda outros estudos que examinam o efeito da vacina contra a gripe nas doenças respiratórias, incluindo o estudo Household Influenza Vaccine Evaluation (HIVE), da Escola de Saúde Pública da Universidade de Michigan. “É importante dar aos especialistas outras ferramentas para incentivar os pacientes a tirar proveito das vacinas já disponíveis, eficazes e seguras”, disse a co-autora do estudo, Carmel Ashur, professora assistente de medicina interna também do Centro Frankel de Medicina Cardiovascular.

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