Uma obra de arte na mata do Fontelo volta a ser a proposta do concurso internacional organizado pelo Poldra - Public Sculpture Project Viseu.
O Poldra, que vai este ano para a quarta edição, “a realizar em Outubro, mas ainda sem data de inauguração”, arrancou “há pouco mais de uma semana e já conta com sete ou oito propostas”. “Os artistas concorrem com propostas de linguagem, de peças para o lugar, sendo que, na maior parte dos casos, não conhecem o espaço”, porque, a avaliar pelos “anos anteriores, a maior parte dos concorrentes tem sido estrangeiros”, disse à agência Lusa João Dias.
O responsável pelo projecto disse que em 2020 bateram recordes com mais de 100 projectos recebidos e, também por isso, a expectativa é alta este ano. A pandemia também “pode proporcionar isso”, pois, “como não há exposições, as pessoas acabam por ter mais tempo para se concentrarem” em concursos, admitiu. Desta vez “já chegaram projectos [concorrentes], ao contrário dos anos anteriores”, em que os trabalhos têm sido apresentados já perto do final concurso. Em 2021, as candidaturas podem ser entregues até 18 de Abril, através de um formulário online.
João Dias considerou ainda que “também há uma corrente muito boa de informação entre os artistas em relação ao Poldra, não só pelo companheirismo existente nas residências artísticas em Viseu, como até da própria cidade, das pessoas e da comida” e isso também pode funcionar como “um estímulo” para os artistas.
Apesar de defender que “o ideal é estar no local, respirar e sentir o espaço” para criar uma obra para ali instalar, “e isso faz muita diferença na criação”, João Dias reconhece “que, para um artista estrangeiro, é muito complicado viajar até Viseu só por uns dias para apresentar um projecto”.“As propostas têm de ser feitas para o Fontelo, que englobem o contexto da mata e de Viseu, que sejam adequadas a uma árvore, uma rocha, um caminho, alguma coisa que ligue a peça ao espaço”, explicitou.
“Tem acontecido é que os vencedores acabam por alterar e adequar a proposta, enquanto estão na residência artística a elaborar a peça, embora a base esteja definida”, explicou.
Para a edição deste ano, anunciou, “são esperados quatro novos trabalhos, dois de artistas convidados e os outros dois do concurso que agora abriu” e vão juntar-se aos já existentes no Fontelo, sendo que “vão ser retiradas duas peças”. “Vamos retirar as peças do Miguel Palma e da Elisa Balmaceda, por já não oferecerem a segurança desejada, ainda não estão em perigo, mas queremos que as peças sejam seguras”, sublinhou João Dias.
As esculturas “têm de ser um elemento de força e de comunicação entre a natureza e as pessoas”, acredita, e, actualmente, além das duas que vão ser retiradas, fazem parte do circuito no Fontelo, peças de Steven Barich, Pedro Pires, Liliana Velho e Natalia Bezerra & Kaitlin Ferguson.
O júri é composto pela directora do Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC) - Museu do Chiado, Emília Ferreira, e a directora do Sculpture in the city, um festival de escultura em Londres, Stella Ioannou, e a responsável pelos projectos dos jardins da Gulbenkian, Ana Vasconcelos. A estes elementos junta-se um dos artistas que participou na edição do ano passado, Rui Sanches, o fundador do projecto, João Dias e um representante da Câmara Municipal de Viseu, entidade parceira do Poldra.