MP quer ver Salvini acusado de sequestro por impedir o desembarque do Open Arms
O juiz do processo, que decorre em Palermo, decide a 17 de Abril se o ex-ministro do Interior vai mesmo responder em tribunal por não ter deixado desembarcar 147 migrantes resgatados no mar.
O Ministério Público de Palermo pediu, este sábado, em tribunal que o ex-ministro do Interior italiano e líder da Liga, Matteo Salvini, seja acusado de sequestro por impedir o desembarque, em Agosto de 2019, de 147 migrantes resgatados perto da ilha de Lampedusa pelo barco Open Arms.
O juiz que conduz o processo, Lorenzo Janelli, vai pronunciar-se sobre o pedido a 17 de Abril, depois de escutar as partes, terminando com o ex-ministro que voltou a defender a sua actuação, ao assegurar que agiu em conformidade com a lei.
O procurador de Palermo, Francesco Lo Voi, mostrou-se taxativo nas suas conclusões. “Não vemos como um caso como este não pode culminar numa acusação. Não há nada nas disposições dos actos de governo, como disse Salvini, que fale do bloqueio indiscriminado de desembarques”, cita o Corriere.
O procurador conta entre as provas com algumas cartas do ex-primeiro-ministro de Itália, Giuseppe Conte, que pediu por duas vezes a Salvini que deixasse desembarcar, pelo menos, aos menores porque a situação a bordo se tinha tornado insuportável. Para o Ministério Público, as cartas negam rotundamente a linha de defesa do acusado, que sempre falou numa decisão consensualizada contra o Open Arms.
Salvini, por seu lado, voltou a declarar que não sente qualquer remorso pela sua actuação. Se estou preocupado? Na verdade, não. Estou orgulhoso de ter trabalhado para proteger o meu país, respeitando a lei, despertando a Europa e salvando vidas. Se isto me causar problemas e sofrimento, carrego-os com alegria”, fez saber na sua comparência na ala protegida da prisão de Ucciardone, em Palermo.
Também nas últimas horas foi dado a conhecer que o tribunal aceitou a Câmara de Barcelona como acusação pena no processo contra o ex-ministro do Interior pelo bloqueio do Open Arms no país em 2019.
No Twitter, o vereador de direitos de cidadania e participação de Barcelona, Marc Serra, assinalou que a capital catalã forma parta da acusação “porque salvar vidas não é delito. Deixar pessoas a morrer no mar, sim”.