“Tenho muita pena que o PSD não apoie Rui Moreira”
José Luís Arnaut considera que Rui Rio “tem tido uma oposição, às vezes, bastante apagada”. “Se calhar, considera que este ainda não é o momento”, diz.
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Marcelo Rebelo de Sousa, que agora tomou posse para um segundo mandato, tem insistido que uma das grandes preocupações é o país ter de ter alternativas políticas. Acha que o PSD ainda tem condições de se afirmar como essa alternativa?
O PSD é essa alternativa. Não há outra. Uma coisa são as sondagens a anos-luz do processo eleitoral. Estamos no meio de uma pandemia. As pessoas não estão ainda em estado de poder fazer uma avaliação de como isto foi gerido. Estamos todos adormecidos. O reflexo na economia ainda não chegou. As moratórias ainda estão lá. O desemprego vem aí.
Então acredita que Rui Rio vai chegar a primeiro-ministro?
A única alternativa ao PS é o PSD, ponto final, parágrafo.
Mas não respondeu.
O líder do PSD, com toda a legitimidade e com o meu apoio, é o candidato a primeiro-ministro. Mas vamos ver quem é o candidato do PS, se é António Costa, que é um político muito hábil e inteligente – ele é muito melhor do que a soma de todos os ministros que lá tem.
Como é que o PSD poderia fazer mais a diferença neste momento?
Há dois tipos de fazer oposição. Uma é a quezilenta diária, que cria um desgaste enorme, e é evidente que o PSD podia ser mais activo, mais oportuno. Há outra mais responsável e de mais longo prazo. É no meio que está a virtude. Rui Rio tem tido uma oposição às vezes bastante apagada, não tem tido por vezes os protagonistas ideais. Se calhar ele considera que este ainda não é o momento.
Quando Durão Barroso era líder do partido e eu secretário-geral, também se dizia que o PSD era frouxo, não fazia oposição e que não íamos a lado nenhum. Mas andámos no país todo e trabalhámos muito para ter bons candidatos autárquicos para ganharmos as principais câmaras do país em 2001.
Nesse sentido, as autárquicas deste ano também podem ser um momento determinante?
É evidente que são importantes. Mas, de facto, a única herança má que Pedro Passos Coelho nos deixou foi o resultado autárquico. O PSD descurou as autarquias como nem no tempo de Cavaco Silva tinha acontecido. Com os fins dos mandatos, há sempre oportunidades de mudança e vai haver várias oportunidades.
É uma oportunidade, inclusive em Lisboa?
Louvo muito a iniciativa e coragem de Carlos Moedas em se candidatar. É um sinal claro de alguém que quer fazer política e com quem o PSD vai contar no futuro. É uma candidatura arriscada, porque Medina não está em fim de mandato e tem obra feita.
Como olha para a direita para além do PSD? Houve o crescimento do Chega e da Iniciativa Liberal e a diminuição do CDS.
É preocupante o caminho que o CDS está a levar. Quanto à Iniciativa Liberal, acho um projecto interessante, mas já está com o vício dos partidos. O facto de não apoiar Moedas em Lisboa mostra uma “partidarite” e não aquilo que é o espírito liberal que é criar uma frente de oposição.
Também se pode dizer isso em relação ao facto de o PSD não apoiar Rui Moreira no Porto.
Tem razão. E acho muita pena que não se tenha aproveitado para, em torno de Rui Moreira, que é um grande autarca, independente e que no passado Rio apoiou, arranjar uma plataforma de apoio que englobasse o CDS, os liberais e o PSD. Era essa prova que devíamos fazer, a de que quando estamos juntos somos imbatíveis.
E como viu o acordo do PSD com o Chega nos Açores?
Vocês valorizam muito aquilo que não tem de ser valorizado. O que interessa é que quem está no poder é o PSD. Ao fim de 24 anos, por causa de o Chega poder votar aqui ou li ao lado do PSD, não estando no governo regional, não tendo o PSD absorvido as ideias do Chega, era preferível o PSD continuar na oposição e deixar o PS governar? O Chega é mais radical do que o BE? Teve partidos que são contra a UE, contra a NATO, a favor das nacionalizações a apoiar este Governo e António Costa não nacionalizou empresas, nem saiu da NATO, nem da UE. É muito bonito ser-se comunista ou de esquerda radical num país livre, mas é quase impossível ser-se livre num país comunista ou do tipo de ditaduras do BE.