Rússia convoca embaixador nos EUA para discutir o futuro das relações bilaterais entre os países

Decisão vem na sequência de Biden ter descrito Putin como um “assassino” e de um relatório norte-americano que acusa a Rússia de interferência nas eleições de Novembro nos EUA.

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Biden disse que Putin "pagará o preço" da alegada interferência nas eleições. KEVIN LAMARQUE/Reuters

O Governo russo convocou o seu embaixador nos Estados Unidos a fim de discutir o futuro das relações bilaterais entre os dois países, horas depois de os serviços secretos norte-americanos terem voltado a acusar Moscovo de interferência nas eleições do ano passado e de o Presidente Joe Biden ter apelidado o seu homólogo russo, Vladimir Putin, de “assassino”.

A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, confirmou, num comunicado, que o embaixador Anatoly Antonov se irá deslocar a Moscovo nos próximos tempos para “analisar como e em que direcção devem avançar as relações com os Estados Unidos”, segundo a agência de notícias oficial Sputnik.

A chamada de Antonov para consultas coincide com um período de escalada da tensão política, depois de os serviços secretos norte-americanos terem identificado a Rússia como um dos países que alegadamente tentaram interferir nas eleições de Novembro de 2020, nas quais Biden saiu o vencedor. 

No relatório de 15 páginas, publicado na terça-feira, os EUA acusam a Rússia de difundir “alegações enganosas e não fundamentadas” contra Biden, mediadas por aliados do então Presidente Trump. Segundo o documento, não houve uma “interferência técnica”, quer no processo de voto, quer na contagem subsequente, mas sim uma tentativa de desacreditação do então candidato Biden por meio de informação falsa.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, insistiu na premissa que Moscovo não interferiu nas eleições, enquanto um alto funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros chegou mesmo a identificar o relatório dos EUA como parte de uma campanha de “desinformação”.

O próprio Biden manteve-se fiel à tese dos seus serviços de inteligência e, em entrevista à ABC, deixou claro que Putin “pagará o preço” da alegada interferência.

O inquilino da Casa Branca foi ainda mais longe quando questionado se Putin era um “assassino”, afirmando que acreditava que este “não tem alma” e anuindo: “Sim, eu acredito”.

O Presidente da Duma, Vyacheslav Volodin, acredita que essas declarações vão “além do senso comum”, de acordo com uma publicação na rede social Telegram. “Ninguém pode falar assim sobre o nosso chefe de Estado”, alertou.

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