Irmã de Kim avisa Biden para não realizar exercícios militares com a Coreia do Sul

Declarações de Kim Yo-jong, que é uma importante figura do regime norte-coreano, surgem um dia antes da visita dos chefes da diplomacia e do Pentágono a Seul.

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Kim Yo-jong é influente junto do irmão e líder norte-coreano, Kim Jong-un Jorge Silva / Reuters

Kim Yo-jong, a irmã do líder norte-coreano, Kim Jong-un, deixou um aviso ao Presidente norte-americano, Joe Biden, para que não realize exercícios militares com a Coreia do Sul, antes da visita de altos responsáveis da sua Administração a Seul.

“Se quiser dormir em paz pelos próximos quatro anos, é melhor evitar causar mau cheiro no primeiro passo”, afirmou Kim, em declarações veiculadas pelo principal jornal estatal, o Rodong Sinmun. “Exercícios de guerra e hostilidade nunca podem andar a par do diálogo e da cooperação”, acrescentou.

As palavras de Kim são significativas, por se tratar de uma figura influente do regime norte-coreano. Kim Yo-jong é frequentemente vista ao lado do irmão em actividades oficiais e é descrita como uma das suas principais conselheiras.

O aviso deixado por Kim é a primeira manifestação política por parte de Pyongyang desde que Biden tomou posse e coincide com a primeira visita de altos representantes da nova Administração à região. O secretário de Estado, Anthony Blinken, e o secretário da Defesa, Lloyd Austin, visitam Seul esta quarta-feira, depois de terem estado no Japão.

A intervenção da irmã do líder norte-coreano vem responder a uma inquietação em Washington. Esta semana, Blinken já tinha confirmado que ainda não havia recebido uma resposta às abordagens diplomáticas do Departamento de Estado por parte da Coreia do Norte.

O Governo sul-coreano, que tem favorecido uma abordagem diplomática e não agressiva face ao vizinho do Norte, pediu a Pyongyang que adopte uma “postura flexível” e que regresse à mesa de negociações.

O regime tem por hábito testar as novas Administrações norte-americanas, por vezes até com ensaios balísticos, mas desta vez foram apenas declarações, embora as palavras de Kim Yo-jong deixem em cima da mesa essa possibilidade. “Pelo menos deixa saber em Washington e Seul que Pyongyang está a acompanhar e a escutar”, escreve a correspondente da BBC na Coreia do Sul, Laura Bicker.

A Administração Biden ainda não revelou muitos pormenores acerca da sua política em relação à Coreia do Norte, dizendo estar ainda a fazer uma “revisão” da estratégia que tinha sido levada a cabo pelo seu antecessor. Donald Trump apostou na abertura de um canal diplomático directo com Kim Jong-un, tornando-se no primeiro Presidente dos EUA em funções a reunir-se com um líder norte-coreano.

As investidas diplomáticas, que renderam três encontros com Kim, falharam no objectivo de impedir o regime norte-coreano de desenvolver o seu programa nuclear. As avaliações mais recentes concluem que Pyongyang tem a capacidade para atingir o território norte-americano com armas nucleares.

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