Quinta d’Arminho: ovos coloridos, porcos de pastoreio e a natureza que faz sentido
Lavram a terra e colhem aquilo que semeiam. Erguem muros, falam com os animais e estampam a natureza nos cadernos que saem do atelier. Raquel e João, de galochas todo o ano, fazem tudo com as próprias mãos — e não têm medo de fazerem mal feito. Este é o diário de uma quinta em transformação.
Raquel pede licença à galinha e — nada na manga — mostra-nos na palma da mão um ovo, que numa desfolhada seria merecedor do grito “milho-rei, milho-rei!”. “Olha um ovo verde acabado de pôr! Está quente!” Num dos patamares verdejantes da quinta, João vai empurrando o galinheiro móvel — que o próprio construiu — seguido de perto por um par de galos emproados e uma vintena de galinhas de diferentes feitios, raças e origens. As castanhas, as pretas e as cinzas matizadas, as Orpington, ISA Brown, Bluebell e Black Star, as Cream Legbar, Araucana e Ameraucana dos ovos azuis ou esverdeados e as Marans dos ovos castanhos. “A variedade genética é uma coisa muito importante e está a perder-se. É como um aviário com vinte mil animais que são todos irmãos uns dos outros ou as sementes que as pessoas compram todas no mesmo sítio”, vai dizendo João. “O afunilamento genético é cada vez maior e isso tem implicações”, continua Raquel Ribeiro da Silva, ansiosa por explorar “aquilo que a natureza inventou”.
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