Alguma vez pensou como poderia fazer o dia de uma criança mais feliz e com mais cor? O Movimento Espalhar Magia (MEM) começou com esse mesmo propósito: levar cor às instituições e hospitais que acolhem crianças e fazê-las “acreditarem em si e não perderem a esperança”. A ideia foi da escritora e realizadora de curta-metragens, Rute Simões, e da sua experiência com os três filhos: “Nós líamos sempre uma história à noite, umas vezes eu lia livros, outras vezes eu inventava. O problema é que eles começaram a querer que eu voltasse a contar as histórias de há duas ou três noites atrás, e eu já não me conseguia lembrar.” E foi graças a este momento em família que surgiu o livro Quando o mundo perdeu a cor.
Ao mesmo tempo que estava no processo de escrita, composição e publicação do livro, em 2019, surgiu a ideia de criar o MEM, que tudo tem em comum com o livro. “O Movimento Espalhar Magia surgiu depois de um desejo meu muito intenso de ler esta história a todas as crianças, não só aos meus filhos, que são os heróis da história, mas também a outras crianças. Porque a mensagem que eu passo no livro, fora a parte de acreditarem em magia, é também fazer com que as crianças acreditem nelas próprias, mesmo quando lhes dizem que não conseguem ou que é difícil. E eu acho que é uma mensagem muito importante para se passar às crianças”, explica.
“O MEM verdadeiramente nasceu de uma conversa informal com a minha cunhada. Eu partilhei o desejo de querer levar o livro a todas as crianças, mas começar pelas que estão em instituições. Depois surgiu o problema: como levar os livros às instituições? E surgiu a ideia de serem criados ‘padrinhos’ e ‘madrinhas’ que pudessem oferecer o livro e escrever uma mensagem para as crianças. Na altura ri-me porque achei que ninguém ia concordar, mas decidimos tentar. Obviamente começámos pela família e os amigos mais próximos e, de repente, tínhamos desconhecidos a querer apadrinhar um livro, a querer escrever mensagens e a convidar outras pessoas para ajudarem”, conta a escritora e criadora do movimento, com um sorriso na cara.
Como é que se pode tornar um ‘padrinho’ ou ‘uma madrinha’? “É muito simples. Qualquer pessoa pode mandar uma mensagem para o nosso Facebook ou para o Instagram e dizer ‘eu quero ser’, oferecem o livro e mandam-me a mensagem que querem escrever à criança. Depois eu imprimo em papel autocolante e nós vamos entregar às instituições”, responde.
“No início, antes de estarmos em pandemia, a ideia não era só entregar o livro com a mensagem, mas sim dar atenção e passar tempo com aquelas crianças: lermos a história e promovermos a leitura, fazermos actividades, e ficávamos duas ou três horas com as crianças. Tivemos a sorte de ser apoiados pela Domino’s, levávamos pizza às crianças e era um dia de festa para elas”, conta Rute Simões.
Se o confinamento e o estado de emergência parou muita coisa, não impediu o MEM de continuar a alegrar as crianças. “No primeiro confinamento houve ali uma pequena paragem porque estávamos numa nova situação, sem sabermos o que era isto. Mas assim que acabou o confinamento pensei ‘não, isto não pode parar’ e continuámos. Não podemos entrar nas instituições, mas podemos fazer chegar o livro e a mensagem às crianças”, refere.
Em apenas um ano, o Movimento Espalhar Magia já apadrinhou 20 instituições e mais de 530 crianças. “Eu fico sempre comovida com tudo o que já conseguimos”, conta emocionada. “Eu não quero que as crianças percam a cor”, conclui.
Texto editado por Bárbara Wong