Dois fundadores de corrente conservadora deixam CDS, mas actual tendência apoia direcção
O actual porta-voz da Tendência Esperança em Movimento votou a favor da moção de confiança a Francisco Rodrigues dos Santos.
Dois dos fundadores da Tendência Esperança em Movimento (TEM), corrente interna do CDS, desfiliaram-se do partido em ruptura com a liderança de Francisco Rodrigues dos Santos, mas os actuais membros mantêm o apoio ao líder do CDS.
Abel Matos Santos e Luís Gargliadini Graça foram dois dos fundadores da única corrente interna do CDS formalizada mas já há um ano que já estavam desvinculados deste movimento conservador e democrata-cristão. Filiados no partido desde o tempo da liderança de José Ribeiro e Castro (2005-2007), depois de se terem aproximado na direcção de Manuel Monteiro, os dois ex-membros da TEM alegam que não se sentem representados no actual CDS e consideram que o partido “tomou o mesmo caminho que tende a torná-lo irrelevante na política nacional”.
A posição contrasta com a que foi assumida pelo actual porta-voz da TEM, Mário Cunha Reis, que mostrou apoio a Francisco Rodrigues dos Santos no último conselho nacional, tendo votado a favor da moção de confiança à direcção.
Em declarações ao PÚBLICO, Mário Cunha Reis considera que o actual líder do CDS, após a saída do grupo de Filipe Lobo d’Ávila da direcção do partido, “está mais próximo do discurso pré-congresso” e que recebeu o apoio da TEM. Como exemplo, aponta a defesa de um maior envolvimento das Forças Armadas na gestão da pandemia e a intervenção sobre a polémica da disciplina de Cidadania.
A TEM, a única corrente formalizada no partido desde 2018, apoiou o candidato à liderança Francisco Rodrigues dos Santos (contra João Almeida e Filipe Lobo d’Ávila), o que levou Abel Matos Santos à comissão executiva do partido. O então porta-voz considerou que não era compatível manter-se na TEM e desvinculou-se da corrente em Março de 2020. Entretanto, nessa altura, a divulgação de textos polémicos que tinha escrito há alguns anos nas redes sociais também levou à sua demissão da comissão executiva do CDS. É com esse caso que ambos os fundadores da TEM justificam agora a sua desfiliação no partido. Abel Matos Santos faz parte da Assembleia de Freguesia de Alvalade e passa a independente, assim como acontece com outro eleito pelo CDS (José Correia).
Nas eleições presidenciais de Janeiro, Abel Matos Santos declarou apoio ao candidato André Ventura. À agência Lusa, o fundador da TEM disse que não irá filiar-se no Chega.
A TEM mantém um lugar na comissão política nacional (por inerência) no partido e pelo menos dois elementos no conselho nacional. No próximo dia 13, por ocasião do seu aniversário, a corrente de opinião promove uma conferência (via Zoom) sobre “Democracia cristã – o segredo do sucesso com futuro”.