Missoni e Fendi inauguram Semana da Moda de Milão virtual
As marcas italianas Missoni e Fendi deram o tiro de partida para o primeiro dia da Semana da Moda de Milão, esta quarta-feira, com os designers uma vez mais obrigados a trocar a passerelle por apresentações digitais devido à pandemia de covid-19.
Há exactamente um ano, começavam a surgir no Norte de Itália as primeiras mortes (a 21 de Fevereiro de 2020) relacionadas com o coronavírus, que viria a dar origem a uma pandemia, declarada pela Organização Mundial da Saúde duas semanas mais tarde.
Na altura, a emblemática Semana da Moda de Milão, capital da moda em Itália, realizou-se mais ou menos ao sabor das vontades dos designers e do vírus. Decorria o evento quando foi levantada uma cerca sanitária à cidade de Codogno, a cerca de uma hora de carro de Milão. A única portuguesa no calendário oficial do ano passado, Alexandra Moura, optou, por exemplo, por um desfile à porta fechada com transmissão na Internet. O mesmo foi feito por Giorgio Armani e Laura Biagiotti.
Agora, o vírus e a doença já têm nome, mas, mesmo com um processo de vacinação global em curso, o seu impacte parece estar para ficar – e, ao contrário do que aconteceu há um ano, a apresentação das colecções é feita exclusivamente online, sem possibilidade de escolha.
Conhecida pelo seu zig-zag "Fiammato”, um padrão de desenhos coloridos, Missoni foi a primeira casa de moda a transmitir um vídeo das suas criações de roupas femininas, misturando propostas para o Outono/Inverno com as da Primavera/Verão.
Filmado no Mediolanum Forum, um pavilhão desportivo que esteve fechado durante meses, as modelos reencenaram encontros sociais de jogos de bowling para pôr a conversa em dia com os amigos.
Foram usadas malhas brilhantes, calças largas, vestidos compridos e vestuário casual numa variedade de cores, em que a busca pelo conforto pareceu ser a nota dominante. Isso e a necessidade de juntar propostas para as diferentes condições meteorológicas: umas usavam chapéus e cachecóis, enquanto outras exibiam o corpo em fatos de banho num vídeo que parecia querer fazer crer que se tratava de um filme sem cortes.
Houve também brilhantes vestidos de festa que a directora criativa Angela Missoni descreveu como “uma celebração do regresso a uma vida social normal”. “Misturei e combinei peças de diferentes épocas para realçar o conceito de guarda-roupa.”
Do lado da Fendi, foi a estreia do designer Kim Jones, que optou por uma linha de Outono/Inverno de tonalidade neutra. Seguindo os passos do falecido Karl Lagerfeld, que colaborou com a marca durante 54 anos, Kim Jones abriu a apresentação com um casaco de peles, uma imagem de marca da casa italiana.
Seguiram-se casacos, tops de malha cortados, calças de cintura subida e vestidos em seda. Os modelos misturavam casacos práticos, vestidos de seda marmoreados ou drapeados e cachecóis com franjas em rosa pálido, branco, cinzento e preto.
Foi uma forma de Jones lembrar as criações passadas da família Fendi, que fundou a marca em 1925, e também o mítico criador Lagerfeld. “Estou a agarrar nas mulheres espantosas e fortes que conheço e com quem trabalho e a ouvir as suas necessidades”, disse Jones nas notas ao desfile. “Há uma utilidade para a colecção, explorada de uma forma chique e intemporal.”
A Semana da Moda de Milão desta temporada decorre até 1 de Março, com marcas como Armani, Prada e Valentino a partilharem os seus vídeos de colecção numa plataforma digital.