Confederação do Turismo diz que medidas de apoio à economia “estão ultrapassadas e gastas”
Presidente da República recebeu parceiros sociais, depois de uma reunião da Comissão Permanente de Concertação Social.
A Confederação do Turismo de Portugal considera que as medidas de apoio à economia anunciadas pelo Governo no início da pandemia “estão ultrapassadas e gastas”, porque foram desenhadas para três e seis meses, quando está quase a passar um ano desde o primeiro estado de emergência.
“As empresas estão exaustas, gastaram todas as suas reservas, é urgente prever novas medidas de apoio”, afirmou Francisco Calheiros, presidente da CTP, à saída da primeira audiência com os parceiros sociais que o Presidente da República promove esta quarta e quinta-feira.
No último decreto do estado de emergência, Marcelo Rebelo de Sousa exigiu “indispensáveis apoios para trabalhadores e empresas afectados”, sem outros comentários. Esperou que tivesse lugar uma reunião da Comissão Permanente de Concertação Social para fazer a primeira ronda do ano de audiências aos parceiros sociais, e a primeira feita de forma presencial.
O presidente da CTP, o primeiro a ser recebido, foi directo ao assunto: são “urgentes” novas medidas de apoio ou o prolongamento das previstas na primeira fase da pandemia. Lembrou que o Programa Apoiar, em que se enquadra o layoff, bem como as moratórias, foram previstos para três e seis meses, e por isso é preciso prolongá-los.
As moratórias financeiras são as que mais preocupam os empresários do sector. “Não podemos continuar a ter empréstimos em cima de empréstimos. São essenciais medidas de capitalização e de apoios a fundo perdido”, disse. No ano passado, o sector do Turismo registou uma quebra de 65% na sua actividade, retrocedendo até ao nível de 1993.
Perderam-se 365 mil empregos, diz UGT
Preocupada particularmente com o emprego perdido devido à pandemia, o secretário-geral da UGT levou a Marcelo Rebelo de Sousa outras sugestões. Carlos Silva defendeu que as empresas que beneficiam de apoios do Estado devem ficar impedidas de despedir durante os seis meses seguintes, e não apenas durante 60 dias, como agora sucede.
“Há muitas empresas que continuam a despedir”, disse o dirigente sindical, apontando os 365 mil postos de trabalho perdidos entre o dia 20 de Março de 2020 e o dia 24 de Janeiro deste ano, dos quais 265 mil corresponderam a contratos que não foram renovados.
“Quando sabemos que Estado faz um esforço para apoiar empresas, o que transmitimos ao Governo e ao senhor Presidente da República é que era fundamental que o emprego seja defendido e 60 dias é pouco tempo”, disse, defendendo que o limite de tempo durante o qual as empresas devem ficar impedidas de despedir aumente para seis meses.
Carlos Silva defendeu também que o Governo deve alargar, “pelo menos”, aos pais com filhos até ao 2.º ciclo do ensino básico (5.º e 6.º anos de escolaridade) a possibilidade de optarem entre teletrabalho e o apoio à família.
O líder da UGT aproveitou também para lamentar que os parceiros sociais tenham tido conhecimento pela comunicação social da proposta que o Governo levou nesta quarta-feira à Concertação Social e que transmitiu esta posição a Marcelo Rebelo de Sousa. “Não podemos ser um verbo de encher”, referiu.
CAP quer “profissionalismo nos fundos
A gestão e execução do Portugal 2020 foi a grande preocupação da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) levou a Belém. Lamentando que, a cerca de dois anos e meio de terminar, o Portugal 2020 registe uma taxa de execução de 57%, o presidente da CAP considera que este valor demonstra a “nítida necessidade de olhar para o reforço do profissionalismo na gestão destas matérias”, apontando ao Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) “que aí vem”.
Eduardo Oliveira e Sousa salientou aos jornalistas que o PRR “é a derradeira oportunidade” que o país tem para se modernizar e para “apostar na iniciativa das empresas”, não se focando apenas “nas questões de ajudas” do Estado ou das ajudas para fazer face aos problemas causados pela pandemia.
Além do PRR, o presidente da CAP adiantou ter levado para esta audiência a questão das florestas, aproveitando o facto de Marcelo Rebelo de Sousa ir participar num Conselho de Ministros, no dia 4 de Março, dedicado a este sector. com Lusa