Mafra
Uma casa que se encaixa na vizinhança, “sem perder a assinatura moderna”
Bem perto do Convento de Mafra, há um "monólito" que quer respeitar a "heterogeneidade que o rodeia, sem perder a assinatura moderna". Um "diálogo interessante" entre o passado e o presente, contado pelo arquitecto João Tiago Aguiar.
É uma casa moderna, que não renega o passado, nem a vizinhança. Localizada perto do Palácio Nacional de Mafra, a Casa de Mafra quer ser um "diálogo interessante" entre o passado e o presente. No lote, existiam inicialmente "duas casas geminadas, mas a vontade da cliente era que fosse uma só", explica o arquitecto responsável pelo projecto, João Tiago Aguiar, ao P3. Nasceu assim um volume branco, construído de raiz, com a ideia central de aproveitar a fachada original.
“Era essencial, estando numa zona tão próxima do Convento de Mafra, respeitar a história do local, até porque as construções nessa rua são bastante homogéneas", descreve. "Criou-se uma casa que respeita e se enquadra na heterogeneidade que a rodeia, sem perder a assinatura moderna." Construída em betão, o material "mais usual actualmente", e alvenaria simples, não tem telhas, nem beirais. A intenção, diz o arquitecto, era que "parecesse um monólito sem a figura tradicional de telhado”.
No interior, a casa, onde vive uma família com seis pessoas, é totalmente branca e tem “um aspecto robusto”, com pavimentos de madeira ou cimento, por exemplo, na garagem e nalgumas casas de banho. A "dimensão dos vãos" é um dos pontos fortes da construção, considera o arquitecto, bem como o facto de se ter "'libertado' da ruína”.
O maior desafio do projecto, aqui fotografado por Fernando Guerra, foi conseguir encaixar a nova casa na envolvente arquitectónica, a vizinhança de edifícios mais tradicionais. Para João Tiago Aguiar, o objectivo foi cumprido: “Aquela antecâmara entre a ruína e a casa cria ali um diálogo que acho que é muito forte e que faz todo o sentido. Acho que essa é a grande imagem.”
Texto editado por Amanda Ribeiro