Há mais dois casos da variante da África do Sul, mas ainda não se confirmam os da de Manaus

Investigador do Insa disse que a maior preocupação das variantes em Portugal é a identificada no Reino Unido, que já representa cerca de 45% dos casos no país.

Foto
Partículas do coronavírus SARS-CoV-2 (a roxo e azul-petróleo) NIAID

Já há em Portugal quatro casos associados à variante do SARS-CoV-2 inicialmente detectada na África do Sul, a 501Y.V2, informou João Paulo Gomes, investigador do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa), ao programa Polígrafo SIC na SIC Notícias. Também disse que os casos suspeitos da variante inicialmente identificada em Manaus, a P.1, noticiados na semana passada, não se confirmaram afinal. Essas amostras pertencem a outra variante do Brasil.

Num programa dedicado às variantes do SARS-CoV-2, esta segunda-feira à noite, o investigador do Insa referiu que tinham sido confirmados nesse dia mais dois casos da variante da África do Sul, juntando-se assim aos dois casos já anunciados anteriormente. “Temos quatro casos confirmados da variante da África do Sul”, sublinhou. João Paulo Gomes pormenorizou ainda que os casos iniciais estavam associados a viajantes, o que já não terá acontecido no último caso identificado. “Penso que um dos [últimos] casos, e isto é mais recente, não está associado a um recém-chegado, porque já foi diagnosticado com um diagnóstico na comunidade.”

Estes casos da variante da África do Sul foram enviados para confirmação pelo laboratório de análises clínicas Synlab. O investigador explicou que os laboratórios de análises clínicas agora já estão muito interessados em fazer testes de diagnóstico que consigam perceber se há suspeita (ou não) de encontrarem as novas variantes do vírus. Contudo, caso esses testes indiquem para uma certa variante, tem sempre de se confirmar se se trata mesmo dessa variante, porque esses testes incidem sobre uma ou duas mutações genéticas do coronavírus SARS-CoV-2 e isso não chega para se confirmar a identidade dessa linhagem. Afinal, uma variante é caracterizada por um conjunto de mutações.

Quanto à variante do Brasil, João Paulo Gomes disse que não se confirmaram os casos suspeitos noticiados na semana passada. “Enviaram-nos as amostras para confirmação e não se confirmaram”, afirmou no programa. Na última semana, o laboratório Unilabs-Portugal tinha anunciado à comunicação social que tinha identificado dois casos da variante do Brasil, a B.1.1.28. Mas, como essa detecção tinha sido feita através de sondas moleculares (que identificam apenas certas mutações genéticas) era preciso fazer a sequenciação genómica no Insa para se compreender se todas as mutações dessa variante estavam presentes.

Tratava-se assim de casos suspeitos, como veio a esclarecer o Insa, e as suspeitas recaiam sobre a variante de Manaus, que pode estar associada a uma maior transmissibilidade e a fuga de anticorpos gerados pelo sistema imunitário contra o novo coronavírus. E, como se tinham identificados alvos específicos da variante nas sondas moleculares, considerou-se que eram casos suspeitos com forte probabilidade de virem a ser confirmados. O próprio João Paulo Gomes afirmou na TVI24 que era uma “suspeita com bastante robustez” e se referia à variante de Manaus. As amostras tinham sido enviadas para o Insa para confirmação.

João Paulo Gomes assinalou que há mais variantes no Brasil e que os tais dois casos suspeitos são de outra variante brasileira (sem especificar qual), “mas não é a de Manaus”. Até agora, não foi encontrado nenhum caso da variante brasileira P.1, a de Manaus, em Portugal, frisou. Esses casos juntam-se assim a outros suspeitos que já tinham sido enviados para o Insa, tal como foi indicado no último relatório sobre a situação sobre a diversidade genética do SARS-CoV-2 em Portugal.

Mesmo assim, o investigador referiu que se pode “ser uma questão de tempo” até à sua identificação no país, mas que “não nos devemos alarmar com isso”.

Relativamente à variante mais preocupante no país, João Paulo Gomes disse que é a identificada no Reino Unido, a 501Y.V1, que se estima que representa cerca de 45% dos casos em Portugal. “É quase metade e é uma preocupação.” Esta variante parece ser mais transmissível do que as variantes anteriormente em circulação e poderá causar uma infecção mais grave.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários