Insa recebe “suspeita com bastante robustez” de variante identificada em Manaus

Fonte da Unilabs-Portugal disse que nas amostras se encontraram “targets específicos dessa variante” do Brasil através de sondas moleculares. Tratam-se ainda de casos suspeitos.

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Coronavírus SARS-CoV-2 NIAID

Notícias deram conta nas últimas horas de que foram detectados em Lisboa dois casos de uma variante do coronavírus SARS-CoV-2 com origem no Brasil, a B.1.1.28. As amostras foram analisadas através de sondas moleculares pelo laboratório de análises clínicas Unilabs-Portugal, que foi quem anunciou à comunicação social esses dois casos. Ao início desta noite, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa) e a Direcção-Geral da Saúde (DGS) enviaram um esclarecimento conjunto em que apenas confirmam a recepção de “duas amostras suspeitas de estarem associadas à variante genética do SARS-CoV-2 primeiramente detectada no Brasil”, refere-se. Portanto, ainda são casos suspeitos desta variante. Investigador do Insa disse na TVI24 que esta é “uma suspeita com bastante robustez” e que se refere à “variante de Manaus”.​​

“Confirmam-se dois casos da variante B.1.1.28 na Grande Lisboa. [A detecção] foi feita através de sondas de RT-PCR”, disse ao PÚBLICO fonte da Unilabs, que acrescentou que isto foi comunicado à DGS e as amostras enviadas para o Insa “para o seguimento epidemiológico e laboratorial adequado”. A mesma fonte indicou que se encontraram, através das sondas, “targets específicos dessa variante, mas que só o Insa pode confirmar”.

As sondas moleculares são usadas para detectar certas mutações genéticas e depois é preciso fazer a sequenciação genómica para se compreender se todas as outras mutações dessa variante estão presentes. Numa sonda procura-se uma região mais específica onde está contida a mutação genética. Num fundo, como se detectaram os tais alvos específicos, são casos suspeitos com uma forte probabilidade de vir a ser da B.1.1.28.

João Paulo Gomes, investigador do Insa, referiu mais tarde, em declarações à TVI24, que esta é “uma suspeita com bastante robustez”. Mas que é preciso fazer a sequenciação genómica para se confirmar, porque se detectou uma mutação “da variante do Brasil” e é preciso verificar todo o conjunto de mutações desta linhagem. Explicou ainda que os dois casos detectados em testes de diagnóstico mais específicos do que os testes normais. 

No site SARS-CoV-2 lineages, a B.1.1.28 é referida como tendo sido identificada em Março de 2020 no Brasil. Circulou muito no Brasil e até se refere que já se detectaram anteriormente 1% de todos os casos em Portugal, indica-se no site. Há uma nova variante – a P.1, conhecida como “variante de Manaus”​ – também identificada no Brasil que nos tem preocupado devido às suas mutações e que descendeu da B.1.1.28. Esta variante pode estar associada a uma maior transmissibilidade e a fuga de anticorpos. Contudo, a P.1 tem sido referida também como B.1.1.28 e, caso venham a confirmar-se os resultados da Unilabs, poderá então ser esta a nova variante. João Paulo Gomes (que falou especificamente de certas mutações desta variante na TVI24, como a N501Y e a E484K) disse mesmo que estes casos suspeitos se referem à “variante de Manaus”, a​ P.1. 

No esclarecimento que enviou, o Insa e a DGS apenas referem: “O Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge confirma a recepção de duas amostras suspeitas de estarem associadas à variante genética do SARS-CoV-2 primeiramente detectada no Brasil.” Refere-se ainda que a amostras serão agora analisadas através de sequenciação genómica, “de forma a poder concluir se se trata de facto de casos de covid-19 associados a esta variante”.

Também se acrescenta que a DGS mantém a articulação com o Insa, no âmbito da vigilância epidemiológica, e “assim que são identificadas variantes que suscitam reforço de monitorização são contactadas as autoridades de saúde, de forma a confirmar que o caso está isolado e que todos os contactos estão identificados e em isolamento profiláctico”. 

Num último relatório sobre a situação sobre a diversidade genética do SARS-CoV-2 disponibilizado pelo Insa, referia-se que tinham sido recebidas quase 200 sequências obtidas em amostras suspeitas da presença das variantes associadas ao Reino Unido, à África do Sul, do Brasil ou de outros estudos específicos.

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