Frio explica uma em cada quatro mortes em excesso de Janeiro

Dados preliminares do Insa indicam que as baixas temperaturas terão sido responsáveis por cerca de 24% dos óbitos em excesso. Janeiro foi o quarto mês mais frios dos últimos 20 anos em Portugal.

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Paulo Pimenta

A pandemia foi o principal factor responsável por um Janeiro com o maior número de mortes dos últimos 12 anos (pelo menos), mas não explica toda a mortalidade verificada neste arranque de 2021. O relatório provisório do Instituto Ricardo Jorge (Insa) aponta o frio como a outra principal causa para o excesso de mortes no primeiro mês do ano: as baixas temperaturas terão sido responsáveis por 24% dos óbitos, avançou na quarta-feira o Jornal de Negócios.

Segundo o jornal, os dados preliminares do Insa indicam que morreram quase 20 mil pessoas entre 28 de Dezembro e 31 de Janeiro, um valor que está próximo do que é possível obter se analisarmos o mesmo intervalo no Sistema de Informação dos Certificados de Óbito (Sico), que dá conta de 21.443 mortes.

O Insa calcula que o excesso de mortalidade em Janeiro tenha sido à volta das 9000 mortes, 74% acima da linha de base das previsões. Deste excesso, 5785 pode ser atribuído à covid-19, cerca de 65%. Ao frio podem ser atribuídas 24% das mortes, sendo que uma parte das que são atribuídas à covid-19 poderiam não ter acontecido se as temperaturas não tivessem sido tão baixas.

“A covid-19 e o frio são dois factores que não se somam, é pior do que isso, potenciam-se”, disse ao Jornal de Negócios Ana Paula Rodrigues, médica de saúde pública do departamento de epidemiologia do Insa.

Janeiro foi o quarto mais frio dos últimos 20 anos em Portugal continental, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), apesar de ter sido o sexto Janeiro mais quente desde que há registos a nível global.

As estimativas do Insa baseiam-se num modelo utilizado pelo projecto Euromomo (European Monitoring of Excessive Mortality, em português Monitorização Europeia da Mortalidade Excessiva), utilizado normalmente para avaliar o impacto da gripe e das temperaturas. Este ano, o modelo foi adaptado para estudar o impacto da pandemia, segundo explicou Ana Paula Rodrigues.

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