Variante do Reino Unido representa 50% dos casos em Lisboa e Vale do Tejo

No país, no geral, calcula-se que a prevalência desta variante seja de cerca de 30%.

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Diogo Ventura

A presença da nova variante do Reino Unido é já estimada em cerca de 50% na região de Lisboa e Vale do Tejo, informou na tarde desta quinta-feira a ministra da Saúde, Marta Temido, no Parlamento. No país, calcula-se que a prevalência desta variante seja de cerca de 30%, de acordo com o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa).    

Na determinação desta prevalência tem sido usada uma ferramenta em tempo real, que foi desenvolvida numa colaboração do Insa e da Unilabs - Portugal, laboratório de análises clínicas. Através da sequenciação genómica, é determinada uma correlação forte entre a falha na detecção do gene S em alguns testes de diagnóstico e a presença da variante do Reino Unido (a B.1.1.7) e com um valor preditivo de 95%, já tinha explicado o Insa em comunicado na semana passada. Desta forma, foi possível estabelecer a prova de conceito da validação da utilização desse gene para identificação da B.1.1.7.

Carlos Sousa, especialista em biologia molecular da Unilabs, indica ao PÚBLICO que esta plataforma é actualizada de 45 em 45 minutos, o que permite então acompanhar a evolução da situação em tempo real e saber mais sobre os distritos ou a faixa etária. Para a prevalência, faz-se o cálculo entre as amostras do vírus associadas à variante num conjunto de amostras positivas do SARS-CoV-2 recolhidas pela Unilabs. Depois, extrapola-se esse valor para todos casos positivos diagnosticados no país. 

“A presença da nova variante é já estimada em 50% na região de Lisboa e Vale do Tejo”, afirmou a ministra da Saúde no Parlamento, que adiantou que este era o valor de acordo com um último relatório da Direcção-Geral da Saúde (DGS). Por exemplo, façamos as contas para os casos positivos desta quinta-feira em Lisboa, de acordo com esta prevalência: houve mais 8621 casos positivos e 4311 poderão assim corresponder à B.1.1.7. De acordo com fonte do Insa, no geral, em todo o país a prevalência desta variante é de cerca de 30%.

“No entanto, existem limitações inerentes a dados provenientes apenas de um laboratório, e podem não ser representativos”, adverte a DGS, citada pela agência Lusa. De acordo com a Lusa, que cita o relatório, a prevalência da variante detectada no Reino Unido sobre o total de casos “tenderá a aumentar em virtude da vantagem selectiva da maior transmissão. Se for confirmado o aumento da letalidade associado à variante, é expectável um aumento da letalidade em Portugal”.

E, já agora, quais os valores noutros distritos do país? Na amostra da Unilabs, segundo Luís Menezes (presidente da Unilabs), em Braga a prevalência é de 15%, no Porto é de 18%, e em Setúbal é de 48%.

Nos dados analisados até 20 de Janeiro na tal ferramenta, verificou-se ainda um aumento da frequência relativa da variante a uma taxa de 70% por semana. Desde forma, na primeira semana de Fevereiro (que corresponde à próxima semana), a variante poderia representar cerca de 60% de todos os casos de covid-19 em Portugal, previu-se num artigo publicado no site Virological.

A B.1.1.7 foi inicialmente detectada no Reino Unido e tem preocupado devido ao seu maior potencial de transmissibilidade. Há estudos que estimam que seja entre 40 e 70% mais transmissível do que outras variantes em circulação. Já à volta de 70 países reportaram esta variante.

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