Covid-19: pandemia já matou quatro ministros no Zimbabwe
O vírus já matou vários deputados e está a alastrar rapidamente. Autoridades de saúde atribuem a subida da curva a trabalhadores que regressaram a casa infectados com a chamada variante da África do Sul.
O número de ministros do Zimbabwe que morreu com covid-19 subiu neste domingo para quatro. Três morreram nas últimas duas semanas.
“A pandemia não faz distinção, não há espectadores nem juízes, ninguém está mais a salvo que outros, não há super-homens nem super-mulheres, estamos todos expostos”, disse o Presidente, Emmerson Mnangagwa, num discurso feito na televisão nacional citado pela Associated Press (AP), ao anunciar mais uma morte no executivo.
Na semana passada, Mnangagwa presidiu ao funeral de outro ministro, que se seguiu ao ministro dos Negócios Estrangeiros e ao dos Transportes, numa “colheita sangrenta” que levou também vários membros do Parlamento e mostra a aceleração dos contágios neste país, segundo a AP.
Os críticos do Governo acusam o Executivo de estar a usar a pandemia como arma, ao deterem vários deputados da oposição e outros críticos, obrigando-os a estar em cadeias sobrelotadas onde a doença é facilmente transmitida.
Os críticos acusam também o Governo de negligenciar os hospitais públicos, onde muitos doentes com covid-19 não conseguem ter acesso ao oxigénio necessário para sobreviver, enquanto a elite usa os hospitais privados ou voa para fora do país em busca de melhor tratamento médico, escreve a AP.
O Zimbabwe, como muitos outros países africanos, começou por ter números relativamente baixos de infecção mas está a registar uma aceleração significativa nas últimas semanas, havendo relatos que ligam este aumento ao regresso de muitos trabalhadores da África do Sul, de onde podem ter levado uma estirpe diferente do vírus, de mais fácil contágio.
Os 15 milhões de zimbabueanos registaram 31 mil casos, incluindo 974 mortes, no sábado. No início de Dezembro eram dez mil casos e 277 mortes.
África registou nas últimas 24 horas mais 778 mortes por covid-19 para um total de 84.637 óbitos, e 27.316 novos casos de infecção, segundo os últimos dados oficiais da pandemia no continente.
De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o número total de infectados é de 3.418.514 e o de recuperados nos 55 Estados membros da organização nas últimas 24 horas foi de 26.308, para um total de 2.878.234 desde o início da pandemia.
A África Austral, onde se inclui o Zimbabwe, continua a ser a região mais afectada, com 1.623.725 infectados e 44.402 mortos. Só a África do Sul, o país mais atingido pela covid-19 no continente, regista 1.404.839 casos e 40.574 mortes.
O primeiro caso de covid-19 em África surgiu no Egipto, em 14 de Fevereiro do ano passdo, e a Nigéria foi o primeiro país da África subsariana a registar casos, a 28 de Fevereiro.