A nossa casa continua em chamas. A 19 de Março, os jovens activistas voltam a exigir uma tomada de acção urgente por parte dos líderes mundiais, em resposta à emergência climática. Em Portugal, a Greve Climática Estudantil aguarda pela evolução da pandemia nas próximas semanas para decidir se a manifestação será nas ruas ou através das redes sociais.
“A crise climática não é uma catástrofe distante. Ondas de calor, secas, inundações, furacões, deslizamentos de terra, desmatamentos, incêndios, perda de habitações e disseminação de doenças – é com isso que as pessoas e as áreas mais afectadas lidam”, diz, em comunicado, a Fridays for Future.
“Quando a tua casa está a arder não esperas mais 10, 20, ou 30 anos antes de chamar os bombeiros”, escreveu Greta Thunberg, na sua conta de Twitter, a 4 de Janeiro.
When your house is on fire you don’t wait another 10, 20 or 30 years before calling the fire department.
— Greta Thunberg (@GretaThunberg) January 4, 2021
When your house is on fire you don’t wait another 10, 20 or 30 years before you stop actively pouring petroleum on the flames. You act now.
In every way you possibly can.
A próxima greve segue o lema lançado pela Fridays for Future: “Chega de promessas vazias”. “Conseguimos que a crise climática ficasse no centro da agenda política, mas as palavras não se traduziram em acções”, afirma Bianca Castro, activista na Greve Climática Estudantil.
O encerramento antecipado da central termoeléctrica de Sines, pela EDP, conseguido a 15 de Janeiro, era uma das reivindicações dos activistas portugueses, mas não o consideram uma vitória. “Não se preocuparam com os trabalhadores e agora existem centenas de pessoas à beira do desemprego. Não é nada disto que reivindicamos. Um dos nossos pilares é não deixar ninguém para trás.”
O que diferencia esta greve, diz Bianca, é a urgência, cada vez maior. “Começamos a fazer greves [em Portugal] há dois anos e a crise climática apenas se agravou, ao mesmo tempo que enfrentamos uma crise de saúde pública, crises sociopolíticas e socioeconómicas globais”, conclui.
Bianca Castro uniu-se à Greve Climática ainda antes da primeira manifestação em Portugal, em Março de 2019. Alentejana, mudou-se para Lisboa para estudar Física e Representação, dois cursos em simultâneo, mas ainda encontra tempo para o activismo pelo clima.
Envolveu-se cada vez mais no movimento Fridays for Future, a nível internacional, e mantém contacto com activistas nos vários cantos do mundo. “Em Portugal somos muito privilegiados, mas há sítios em que é terrível. Tenho uma amiga nas Filipinas, activista, que acorda todos os dias com o quarto inundado. A crise climática não é um problema para amanhã, é um problema de hoje.”