A nossa casa continua em chamas. A 19 de Março, os jovens activistas voltam a exigir uma tomada de acção urgente por parte dos líderes mundiais, em resposta à emergência climática. Em Portugal, a Greve Climática Estudantil aguarda pela evolução da pandemia nas próximas semanas para decidir se a manifestação será nas ruas ou através das redes sociais.
“A crise climática não é uma catástrofe distante. Ondas de calor, secas, inundações, furacões, deslizamentos de terra, desmatamentos, incêndios, perda de habitações e disseminação de doenças – é com isso que as pessoas e as áreas mais afectadas lidam”, diz, em comunicado, a Fridays for Future.
“Quando a tua casa está a arder não esperas mais 10, 20, ou 30 anos antes de chamar os bombeiros”, escreveu Greta Thunberg, na sua conta de Twitter, a 4 de Janeiro.
A próxima greve segue o lema lançado pela Fridays for Future: “Chega de promessas vazias”. “Conseguimos que a crise climática ficasse no centro da agenda política, mas as palavras não se traduziram em acções”, afirma Bianca Castro, activista na Greve Climática Estudantil.
O encerramento antecipado da central termoeléctrica de Sines, pela EDP, conseguido a 15 de Janeiro, era uma das reivindicações dos activistas portugueses, mas não o consideram uma vitória. “Não se preocuparam com os trabalhadores e agora existem centenas de pessoas à beira do desemprego. Não é nada disto que reivindicamos. Um dos nossos pilares é não deixar ninguém para trás.”
O que diferencia esta greve, diz Bianca, é a urgência, cada vez maior. “Começamos a fazer greves [em Portugal] há dois anos e a crise climática apenas se agravou, ao mesmo tempo que enfrentamos uma crise de saúde pública, crises sociopolíticas e socioeconómicas globais”, conclui.
Bianca Castro uniu-se à Greve Climática ainda antes da primeira manifestação em Portugal, em Março de 2019. Alentejana, mudou-se para Lisboa para estudar Física e Representação, dois cursos em simultâneo, mas ainda encontra tempo para o activismo pelo clima.
Envolveu-se cada vez mais no movimento Fridays for Future, a nível internacional, e mantém contacto com activistas nos vários cantos do mundo. “Em Portugal somos muito privilegiados, mas há sítios em que é terrível. Tenho uma amiga nas Filipinas, activista, que acorda todos os dias com o quarto inundado. A crise climática não é um problema para amanhã, é um problema de hoje.”