A Volup entrega refeições em casa com serviço de luvas brancas

A história da Volup ou como “um puto de 25 anos com uma ideia e um powerpoint” criou uma empresa de entrega de comida ao domicílio que quer ter um serviço diferenciado. Vítor Sobral, O Frade, Essencial, Kanazawa, Eleven, Solar dos Nunes e Terroir já se juntaram à plataforma.

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O Kanazawa é um dos restaurantes que trabalha com a Volup dr

Durante o primeiro confinamento, Álvaro Meyer teve a mesma experiência que muitos portugueses: pediu comida para lhe ser entregue em casa. Mas nem sempre as coisas correram bem. “Recebi muitos pedidos frios, outros demoraram imenso tempo”, recorda o fundador da Volup, a nova marca de delivery que acaba de surgir no mercado e que se destina a um segmento premium, trabalhando com restaurantes que querem ter um posicionamento diferenciado.

A ideia de lançar uma empresa de entrega de comida só começou verdadeiramente a instalar-se na cabeça de Álvaro depois de uma conversa com um responsável de um restaurante que lhe disse estar a pensar criar o seu próprio serviço de entregas por não estar satisfeito com a qualidade dos existentes. “Achei que ele ia desfocar-se daquele que deveria ser o foco do seu trabalho e que a nível de comunicação nunca teria a mesma força.”

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A Volup tem cerca de 40 navigators, o nome que dá a quem faz as entregas dr

Foi em Junho que começou a pensar na ideia. Em Setembro estava a avançar com ela e em Dezembro lançou a Volup. Apesar de ter apenas 25 anos, este não é o primeiro projecto de Álvaro. “Tenho alguns para trás, quatro deles foram falhanços, um foi um sucesso”, admite, acrescentando que foi com os falhanços que mais aprendeu e que nenhum deles lhe tirou o gosto por lançar coisas novas e enfrentar desafios que à primeira vista parecem quase impossíveis, como este de montar uma empresa de delivery em dois meses.

Neste momento, a Volup já tem 40 pessoas disponíveis para fazer entregas (em Lisboa, estando neste momento a alargar a operação a Oeiras) e está a trabalhar com sete restaurantes, aos quais deverão juntar-se “mais 15 ou 20 nas próximas semanas”. Álvaro procurou restaurantes de reconhecida qualidade, mas, sublinha, o objectivo não é ser a empresa de entregas ao domicílio das estrelas Michelin. Para já, trabalha com nomes como o Eleven, o Terroir, O Frade, Vítor Sobral, Kanazawa, o Solar dos Nunes ou o Essencial.

Os desafios foram “enormes”, diz. Um dos primeiros foi o fabrico das malas de transporte de comida. A preocupação principal era conseguir que as refeições chegassem a casa dos clientes o mais quentes possível. Para isso recorreu a “uma empresa portuguesa que nunca tinha feito mochilas, mas que fazia material para camiões de refrigeração”. A segunda preocupação foi criar “uma imagem mais elegante, mais de acordo com a marca” – assim, tendo o mesmo formato de cubo das outras empresas de delivery, as mochilas da Volup distinguem-se por ser azuis e terem a branco o logo da marca.

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Álvaro Meyer, o fundador da nova empresa de entregas dr

Na mesma linha, as pessoas que fazem a entrega têm uma formação que lhes permite ter uma relação com os clientes o mais aproximada possível do que teriam se estivessem na sala de um restaurante, explica Álvaro. “Têm que saber falar e saber estar, são pessoas que o restaurante poderia contratar para o serviço de sala.” As luvas brancas que usam são também uma forma de passar essa mensagem. 

Outro desafio gigantesco foi criar a plataforma em dois meses. Também aí Álvaro recorreu a uma empresa portuguesa, para criar uma imagem que seja “limpa”, numa aplicação que seja fácil de usar. Nas primeiras semanas de lançamento (a Volup começou a funcionar nos últimos dias de Dezembro), a equipa esteve a limar arestas e a corrigir o que pudesse não estar bem – e, se na primeira experiência que a Fugas teve havia ainda alguns ajustes a fazer, na segunda, a aplicação já funcionou sem problemas.

Depois de instalada no telemóvel, acede-se ao ecrã que mostra os restaurantes, com destaque para os Mais Populares e os Perto de Si e uma divisão de todos entre estilos de cozinha (sushi, cozinha de autor, cozinha francesa, cozinha portuguesa, etc.). O cliente regista-se, introduzindo os seus dados, e a partir daí é só escolher o que pretende, concluir a compra, e acompanhar num mapa a chegada do “navigator” (é assim que se chamam na Volup) que, sobretudo em distâncias mais longas, se desloca de carro. “De mota, numa distância longa, a comida nunca vai chegar em condições”, explica o fundador.

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Um dos pratos do restaurante O Frade disponíveis para entrega ao domicílio dr

Para além das questões mais práticas, Álvaro enfrentou um desafio pessoal: convencer os restaurantes a “confiar num puto com 25 anos, uma ideia e uma apresentação em powerpoint”. Confessa que, no início, “a maioria disse que não”, mas garante que neste momento está a receber várias propostas de restaurantes que querem integrar a plataforma.

Propôs-lhes um esquema em que a Volup cobra uma comissão de 20% (outras plataformas no mercado cobram 30% e chegaram já aos 40%), mas, tratando-se aqui de pedidos com um custo um pouco mais elevado, acredita que compensa. Os restaurantes estão a tentar manter os preços que cobram em sala, e, em alguns casos, porque a experiência da sala não existe, estão a adaptar os menus (o Eleven, por exemplo, criou um menu específico para entregas ao domicílio).

Apesar de algumas recusas iniciais, Álvaro não desanimou. “Sempre tive vontade de criar coisas, sempre achei que era a forma de mudar o mundo, por muitos riscos que isso implique. O mais importante para mim é não ficar com o arrependimento de não ter tentado. Além disso, estou na idade certa, estou na altura de arriscar.” A Volup reúne já uma pequena equipa: José D’Orey na comunicação, conteúdos e marketing, Graça Sardinha na logística e navigators e Nicole Hamilton no contacto com os restaurantes e na gestão da operação. Todos a trabalhar “14, 15 horas por dia, mas com imenso entusiasmo”.

Do outro lado, os dois restaurantes que a Fugas ouviu dizem estar satisfeitos com a experiência até agora. “Interessa-nos o posicionamento de mercado deles”, afirma Carlos Afonso, d’O Frade. E, como a sua equipa no restaurante (e ele próprio) é também jovem, gostou da ideia de trabalhar com “uma empresa jovem, com sangue na guelra”.

Não tendo anteriormente estrutura montada para take-away, estão a adaptar-se ao formato, trabalhando algumas receitas – o arroz, por exemplo, representa um desafio maior quando se quer que ele chegue no ponto certo a casa dos clientes, enquanto “a feijoada já funciona melhor”.

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Um dos pratos do Essencial disponíveis para entrega ao domicílio dr

Por seu lado, Vítor Sobral explica que decidiu avançar por “não ter nada a perder – se houver encomendas, óptimo, o meu risco aqui é zero” e porque esta é “uma entrega diferenciada, personalizada”, que lhe ofereceu algumas garantias relativamente à forma como a comida chega a casa das pessoas e que cobra uma percentagem abaixo de outras no mercado.

Montada a operação, agora é ver como é que este tipo de serviços evolui. Álvaro está optimista e acredita que o delivery veio para ficar, mesmo depois de a pandemia passar. E que há mercado para refeições entregues com luvas brancas. 

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