Partidos mais compreensivos com confinamento, mas só CDS admite voltar a apoiar o estado de emergência

PAN fala em “tsunami sanitário”, BE admitiu concordar com confinamento e IL admite que a actual situação da pandemia “é suficientemente diferente” para rever o seu sentido de voto sobre o estado de emergência.

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O líder do CDS anunciou que o partido votará a favor deste estado de emergência LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

Depois de ouvirem os epidemiologistas fazerem a radiografia da pandemia e admitir que a situação ainda vai piorar nas próximas semanas, os partidos parlamentares mostraram-se mais compreensivos com o regresso ao confinamento. Até a Iniciativa Liberal, que nunca votou a favor do estado de emergência, admite rever o seu voto na quarta-feira, quando o Parlamento apreciar o decreto presidencial. Quem já decidiu voltar a votar a favor foi o CDS, que em Novembro tinha passado a abster-se face à excepção constitucional.

“Desta vez é diferente. O CDS só tem uma opção que é votar favoravelmente o estado de emergência”, afirmou o presidente do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos à saída da reunião do Infarmed, uma intenção que também expôs ao Presidente da República, nas conversas telefónicas em que se transformou a ronda de audições em Belém.

O decreto já tinha a aprovação garantida com os votos do PS e do PSD. “O PSD vai obviamente continuar a apoiar o estado de emergência, não há espaço para cálculos partidários, só há espaço para os portugueses se unirem e combaterem este inimigo comum, que está a matar portugueses, que está a matar a economia”, disse Rui Rio, que está em isolamento profiláctico, numa mensagem gravada em vídeo, depois de falar com Marcelo Rebelo de Sousa.

“O PSD vota a favor do estado de emergência para que o Governo tenha os meios de que precisa para combater melhor ainda, porque até à data não tem sido da melhor forma, a pandemia”, afirmou. Rio considerou, por exemplo, que “seria mais prudente” que os alunos do 7.º, 8.º e 9.º não tivessem aulas presenciais durante o estado de emergência, que é de duas semanas, ao contrário do que será a intenção do Governo.

Bloco de Esquerda e PAN, que passaram do voto a favor para a abstenção na segunda fase do estado de emergência, a partir de 6 de Novembro, mostraram-se muito apreensivos com a situação epidemiológica, mas não disseram se vão voltar a votar a favor de um estado de emergência.

À saída do Infarmed, o bloquista Moisés Ferreira chegou a dizer que concordava com o confinamento e falou em incidência “histórica” da covid-19, mas exigiu que o Governo defina medidas de apoio de emergência aos sectores mais afectados. Já Inês Sousa Real afirmou que o PAN não vai inviabilizar o estado de emergência para dar resposta a um “tsunami sanitário”, mas não revelou o sentido de voto, dizendo aguardar o decreto presidencial.

A maior surpresa veio do deputado da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo: “A situação é suficientemente diferente para termos de olhar com rigor para a redacção definitiva do decreto para ver o sentido de voto da Iniciativa Liberal”, afirmou o deputado num vídeo enviado às redacções após uma conversa (telefónica) com o Presidente da República no âmbito das audições aos partidos.

Só no primeiro estado de emergência, a IL optou pela abstenção. Nos restantes votou sempre contra. No entanto, apesar de admitir mudar de posição, João Cotrim Figueiredo disse manterem-se os motivos que têm levado ao voto contra: uma “recusa da leviandade com que os direitos e liberdades têm sido limitados”, os “cheques em branco com poderes excessivos” ao Governo e a ausência da verificação da “eficácia das medidas” tomadas.

O PCP e Os Verdes não vêem motivos para alterar o sentido de voto do estado de emergência, já que os casos aumentaram em estado de emergência. Também o Chega vai manter o voto contra, porque considera as “restrições absurdas” ou mesmo “um erro”, como o encerramento de comércio, serviços e restauração.

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