Não ouçam demagogos, ouçam os especialistas
Se queremos ter mais orgulho em nós e na nossa sociedade temos de fazer um grande esforço para encontrar humildemente o nosso papel no bem comum.
Sobre o confinamento:
- Quanto mais precoce, mais eficaz. Já devia ter sido há muito tempo. Países que fecharam mais cedo, abriram mais cedo (tal como aconteceu com Portugal na 1.ª vaga).
- Vai acontecer desta vez porque esta avalanche de doentes está a acontecer também na Grande Lisboa, perto dos decisores políticos, gente “famosa” e por aí fora vai ser mais susceptível. Porque se houvesse razão em vez de emoção nas decisões deveria ter acontecido em Outubro/Novembro, para ser mais curto e mais eficaz.
- É imperativo que se fechem as escolas, no mínimo as idades que não precisam dos pais a tomar conta em casa. As crianças/adolescentes/jovens são dos maiores propagadores do vírus de uma família para a outra.
- É péssimo estarmos em tempo de eleições em que reina a demagogia barata, dos que têm soluções milagrosas de salvar vidas, salvar o ensino, salvar a economia, falar dos “não-covid”, salvar “grupos de risco”, etc.. Salvam tudo, o que quer dizer que não salvam ninguém. Não ouçam demagogos, ouçam os especialistas.
- Isto é um desafio de probabilidades, a cada contacto que temos, sem distanciamento e sem máscara, estamos a potenciar a propagação da pandemia.
- Só há duas soluções preponderantes:
a) Identificar os positivos pelos sintomas e por testes e isolá-lo juntamente com os seus contactos;
b) Diminuir o contacto entre as pessoas enquanto os serviços de saúde estiverem em ruptura.
Todos estamos preocupados com as vidas que se perdem, com a economia e a crise social, com os terríveis impactos do ensino fora das escolas, e ainda com os efeitos que a falta de socialização tem na nossa felicidade e saúde mental.
Fechar mais cedo e fechar “totalmente” é mais eficaz e será mais curto. Temos de ir da emoção à razão, e da razão à emoção novamente para nos segurarmos uns aos outros nestes tempos tão difíceis.
Comecem já a tirar do ordenado das pessoas que, como eu, não estão a ser afectadas economicamente por esta crise para proteger financeiramente os que têm de limitar o seu negócio para salvar vidas.
Os números a analisar, na minha opinião devem ser os internamentos, porque o grande limitador é a pressão hospitalar que está a impedir o tratamento de doentes covid e não-covid. Quando os internamentos baixarem drasticamente, entendo que deveremos aos poucos regressar ao “normal”.
Repugno o nacionalismo por estar nos antípodas dos direitos humanos, mas tenho um enorme orgulho em ser Português. E se queremos ter mais orgulho em nós e na nossa sociedade temos de fazer um grande esforço para encontrar humildemente o nosso papel no bem comum.
Este é o maior desafio das nossas vidas. Abram os vossos corações.