Marcelo diz que não há condições para adiar presidenciais

A pandemia levou o Presidente a recandidatar-se ao cargo. Foi a revelação do debate com Vitorino Silva em registo de conversa informal.

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LUSA/PEDRO PINA
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O Presidente da República considera que é preciso uma revisão constitucional para adiar as eleições presidenciais de 24 de Janeiro e neste momento “não é fácil” fazê-lo em tempo útil. A posição foi assumida no debate desta noite, na RTP3, com o candidato Vitorino Silva (conhecido como “Tino de Rans") em que Marcelo Rebelo de Sousa revelou também que “a pandemia foi decisiva” para se candidatar a um segundo mandato.

Com o agravamento da covid-19, Marcelo Rebelo de Sousa assegurou que um eventual confinamento mais rigoroso vai “salvaguardar a campanha” e o dia das eleições, mas que já não é possível adiar as presidenciais marcadas para 24 de Janeiro. “Ao contrário das outras eleições, a Constituição fixa os termos das datas do mandato. Para haver um adiamento, era preciso haver uma revisão da constituição. O Presidente não tem competência, são os partidos que podem fazer”, disse, acrescentando: “Neste momento, não vejo que seja muito fácil que a revisão constitucional seja feita em tempo útil”.

Mesmo que haja um confinamento mais apertado nas próximas semanas, o dia das eleições será de abertura: “Obviamente haverá liberdade de circulação”. Depois de noutros debates Vitorino Silva já ter defendido o adiamento das eleições, esta noite questionou sobre se um Presidente eleito terá a mesma legitimidade se tiver menos de 50% dos votos num enquadramento semelhante ao resultado de um referendo. “Na Constituição não está previsto”, clarificou Marcelo, explicando que a abstenção foi a razão de ter questionado os partidos em Novembro, ainda antes de se ter assumido como candidato, sobre um possível adiamento das eleições. “A resposta foi unânime, a eleição não deve ser adiada”, disse.

Mas, apesar de só ter anunciado a sua candidatura a um segundo mandato a 24 de Novembro, Marcelo já tinha decidido há meses que não ficaria só pelos primeiros quatro anos. E revelou que foi na altura em que decretou o primeiro estado de emergência, em Março de 2020, que decidiu candidatar-se novamente ao cargo. “A pandemia foi decisiva, não era possível sair a meio de um processo da pandemia, com a responsabilidade de ter decretado o estado de emergência”, disse quando questionado sobre se o segundo mandato iria ser diferente, como alegou Vitorino Silva.

Se a primeira parte do debate foi cordial, a segunda foi bastante informal. Com a cabeça apoiada na mão, Marcelo parecia deleitado com as histórias do antigo presidente da Junta de Freguesia de Rans (Penafiel) em quem vê talento de “comentador político”. Vitorino Silva diz que fica “triste” quando vê os níveis de abstenção, sobretudo entre os jovens, sugerindo que o Presidente da República nomeie um jovem para conselheiro de Estado. Marcelo deu-lhe razão nas questões que levantou sobre a abstenção e a boa preparação das novas gerações.

Depois de recusar situar-se no espectro político, usando a imagem de uma rua em que se está à direita ou esquerda consoante se sobe ou se desce, o candidato afastou a ideia de estar a ser preparado por “gurus” e colocou em cima da mesa um caderno com “todos” os seus “pensamentos”, estendendo-o a Marcelo. “Posso entrar nos seus segredos?”, sorriu o Presidente da República, olhando para as folhas de papel. Vitorino disse tomar notas quando tem “ideias” para elas “não se evaporarem” e que guarda tudo num “saco azul do Ikea”.

Depois surgiu o momento em que Marcelo prestou contas a Vitorino que, num debate televisivo de ontem, tinha prometido confrontar o chefe de Estado com a falta de um equipamento para fazer ressonâncias magnéticas no hospital Tâmega e Sousa. “Já vi a questão do hospital, já há um projecto para haver ressonâncias”, disse Marcelo, exibindo também papéis com as suas notas. O Presidente concordou que o hospital é “espectacular” e que o próprio e Vitorino “são vizinhos”, já que o estabelecimento de saúde serve Celorico de Basto onde tem raízes familiares. 

O debate terminou num tom ainda mais descontraído. Vitorino desafiou Marcelo a ir fazer campanha a Penafiel: “Vai pela avenida principal, você vai para direita, eu vou pela esquerda”. “A subir?”, gracejou Marcelo.

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