Morreu um dos polícias feridos durante a invasão ao Capitólio dos EUA
Agente não resistiu aos ferimentos e o número de vítimas mortais do ataque aumenta para cinco. Chefe da polícia do Capitólio apresentou demissão.
Um agente policial que ficou ferido durante o ataque de apoiantes de Donald Trump ao Congresso dos Estados Unidos, na quarta-feira, morreu na quinta-feira à noite, confirmou a polícia do Capitólio. O número de vítimas mortais provocadas pela invasão ao edifício legislativo, em Washington D.C. sobe, assim, para cinco.
“O agente Brian D. Sicknick estava a responder aos motins (…) e ficou ferido quando enfrentou fisicamente os manifestantes. Morreu devido aos ferimentos sofridos”, informou a unidade policial do Capitólio, acrescentando ainda que o polícia sofreu “um colapso” quando regressou à esquadra, tendo sido imediatamente transportado para o hospital.
A polícia do Capitólio, a divisão de homicídios Washington e agentes federais vão investigar com maior detalhe as circunstâncias da morte de Sicknick, que trabalhava naquela agência policial desde 2008.
As outras vítimas mortais, identificadas pelas autoridades, são os manifestantes Ashli Babbitt, de 35 anos, de San Diego, Califórnia; Benjamin Phillips, de 50, de Ri, Pensilvânia; Kevin Greeson, de 55, de Athens, Alabama; e Rosanne Boyland, de 34, de Kennesaw, Georgia.
Milhares de apoiantes de Trump reagiram da pior forma aos apelos do Presidente, na quarta-feira, para não aceitarem a vitória de Joe Biden na eleição presidencial de 3 de Novembro, quebrando as barreiras em redor do Capitólio – onde congressistas e senadores estavam reunidos para confirmar os votos do Colégio Eleitoral e o triunfo do candidato democrata – e invadindo o edifício.
Centenas de pessoas entraram nos gabinetes e nas salas do Capitólio, destruindo e vandalizando o espaço, escrevendo mensagens de ódio contra os representantes políticos e a comunicação social em portas e paredes e roubando objectos pessoais e públicos.
Também na quinta-feira à noite, e entre críticas por causa da facilidade com que os invasores acederam a um dos edifícios supostamente mais seguros do país e onde estavam, para além dos representantes eleitos pelos americanos, as três primeiras figuras na linha de sucessão do Presidente, Steven Sund, chefe o chefe da polícia do Capitólio, apresentou a sua demissão.
“O ataque violento ao Capitólio dos EUA foi diferente de tudo aquilo que já experienciei em 30 anos de actividade policial aqui em Washington D.C.”, assumiu Sund, que se defendeu das denúncias de um planeamento deficitário para uma manifestação que se previa tensa, e em comparação, por exemplo, com o forte dispositivo de segurança montado aquando das manifestações anti-racistas e contra a violência policial do ano passado.
Depois de uma primeira reacção pouco comprometida na noite dos distúrbios, em que apelava à calma e pedia para os desordeiros abandonarem o Capitólio, ao mesmo tempo que dizia que os “adorava”, Trump garantiu na quinta-feira à noite que os responsáveis pela violência serão responsabilizados pelos seus actos.
“Para aqueles que se envolveram em actos de violência e destruição: vocês não representam o nosso país. Passámos por uma eleição intensa, mas agora é altura de acalmar. Devemos seguir em frente”, apelou o Presidente.
Na mesma mensagem, Trump assumiu, pela primeira vez, que irá entrar em funções uma nova Administração, no dia 20 de Janeiro.
Uma posição que choca de frente com a narrativa que promoveu, até à exaustão, nos últimos meses, de que o sistema eleitoral está “corrompido” a favor do Partido Democrata e de que foi houve “fraude generalizada” na eleição presidencial – mesmo que os mais de 60 processos de contestação das eleições que fez tenham sido todos rejeitados pelas várias instâncias judiciais do país e que as recontagens de votos tenham confirmado o primeiro resultado.
Certo é que não faltam vozes, principalmente dentro do universo democrata, que associam o episódio terrível no Capitólio aos incentivos do Presidente à rejeição dos resultados eleitorais.
E, por isso mesmo, há no Partido Democrata quem defenda a invocação da 25.ª Emenda da Constituição para o afastar ou a abertura de um novo processo de impeachment, numa altura em que faltam pouco mais de duas semanas para Donald Trump sair da Casa Branca.