Nova variante e período festivo levam Noruega a suspender vida social durante duas semanas

“Estamos a ver sinais de uma nova onda de infecções”, diz a primeira-ministra, que anunciou novas restrições. Reino Unido também deverá apertar medidas.

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Ruas de Oslo Reuters

A Noruega vai impor novas restrições para prevenir uma nova vaga da epidemia de covid-19, disse a primeira-ministra Erna Solberg este domingo. Entre as medidas estão a proibição em todo o país de servir álcool em restaurantes e o desincentivo a ter visitantes em casa nas próximas duas semanas.

O país do Norte da Europa viu os casos aumentarem no ultimo mês. O Rt (indicador do número de pessoas que, em média, um infectado contagia) é agora de 1,3.

“Estamos a ver sinais de uma nova onda de infecções”, afirmou Solberg em conferência de imprensa, citando como razões o Natal e as celebrações de Ano Novo, bem como o aparecimento da nova variante mais contagiosa do vírus (também presente em Portugal), identificada pela primeira vez no Reino Unido.

Durante as próximas duas semanas, pediu Solberg, os noruegueses devem pôr as suas vidas sociais em suspenso para controlar o vírus. “Peço-vos que não recebam quaisquer visitas em casa. Esperem duas semanas antes de convidar alguém para casa ou de visitar alguém”, disse.

No sábado, o Governo norueguês anunciou que as aulas presenciais nas universidades estavam suspensas e pediu aos alunos que ficassem em casa.

Lojas, jardins-de-infância e escolas primárias vão permanecer abertos. O ensino básico e secundário vai continuar a funcionar, mas com uma maior aposta nas aulas à distância.

Todas as viagens por motivos pessoais, para o estrangeiro ou no país, são desaconselhadas. A Noruega já tinha algumas das medidas mais duras da Europa para viajantes. Na quinta-feira, Oslo impôs testes negativos à covid-19 para todos os estrangeiros, à chegada ou no período de 24 horas, para impedir que a nova variante se espalhe.

Os pequenos atravessamentos de fronteira foram fechados por não terem capacidade de testagem e mais militares foram colocados a vigiar a fronteira com a Finlândia no Árctico.

Na semana de 21 a 27 de Dezembro, a Noruega tinha a quarta taxa de incidência a 14 dias mais baixa da Europa, só atrás da Islândia, Grécia e Finlândia: 113,6 infectados por 100 mil habitantes, segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças.

Escolas podem fechar no Reino Unido

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, avisou este domingo que poderão ser decretadas restrições mais rigorosas na Inglaterra para combater a rápida propagação do coronavírus, atribuída à nova variante.

O Reino Unido é um dos países europeus mais atingidos pela covid-19, com 75.024 mortes. Segundo o último balanço diário, mais de 55 mil pessoas tiveram teste positivo ao vírus, ultrapassando a barreira das 50 mil pelo sexto dia consecutivo.

“Podemos ter de fazer nas próximas semanas coisas que serão mais difíceis em muitas partes do país”, disse Boris Johnson à BBC.

Acrescentou que o encerramento das escolas, uma medida tomada no final de Março durante a primeira vaga da pandemia, “é uma dessas coisas”.

Cada uma das quatro nações – Inglaterra, Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales – que integram o Reino Unido decide a sua própria estratégia de luta contra o vírus.

No Reino Unido, três quartos da população regressaram ao confinamento e o início do ano escolar foi adiado para alguns alunos, especialmente em Londres e no Sudeste de Inglaterra, que são particularmente afectados pelo aumento dos casos.

Em áreas onde as escolas estão abertas, Johnson encorajou os pais a enviarem os filhos à escola. É “seguro”, “o risco para as crianças e os jovens é muito, muito baixo”, garantiu.

O Sindicato Nacional da Educação, um agrupamento de professores, disse que as escolas deveriam permanecer fechadas por razões de segurança.

“As escolas desempenham um papel importante na propagação da infecção”, disse Jerry Glazier, membro do comité executivo nacional deste sindicato, citado pela agência francesa AFP.

“Por isso, pensamos que as escolas são perigosas, tanto para as crianças como para o pessoal”, disse, acrescentando que “muitos professores estavam muito ansiosos por regressar ao trabalho”.

No jornal Sunday Mirror, o líder da oposição trabalhista, Keir Starmer, criticou a acção do governo. “Há confusão entre pais, professores e alunos sobre quem voltará à escola e quem não voltará.”