Lançar balões na passagem de ano? Não Lixes: esquece isso, acende uma vela à janela

Uma mensagem viral na net convida a soltar balões em homenagem às vítimas de covid-19. Mas o movimento Não Lixes lembra que este gesto, além de poluir, “provoca o envenenamento de animais”. Em alternativa, sugere que se acendam velas à janela.

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Reuters

Na passagem de ano “não devemos lançar fogos-de-artifício. O que devemos fazer é lançar balões brancos e simplesmente ter um minuto de silêncio em intenção por todas as vidas que foram perdidas em 2020”.

Este é uma parte da mensagem que tem vindo a tornar-se viral na net nos últimos dias. Algumas destas publicações somam milhares de partilhas. Mas o facto de a ideia de homenagear as vítimas da covid-19 passar pelo lançamento de balões é criticada por associações ambientais. É o caso do movimento ecológico Não Lixes, que propõe uma alternativa.

É que cada balão lançado ao ar, frisam os responsáveis pelo grupo, representa mais um foco de poluição na natureza. Em vez disso, o Não Lixes sugere aos cidadãos que acendam uma vela à janela.

“Com o lançamento de balões estaremos a espalhar borracha pela natureza e a provocar envenenamento de animais”, adverte Fernando Jorge Paiva, mentor do Não Lixes. Como se isso não bastasse, nesta campanha está a incentivar-se o uso de “balões luminosos, que utilizam baterias (pilhas) altamente tóxicas”.

Para que se perceba a dimensão do estrago, Fernando Jorge Paiva serve-se dos números: “uma única pilha (a alcalina) pode contaminar 175 mil litros de água, uma quantidade superior ao que uma pessoa bebe em toda a vida”.

Com o aproximar da noite de passagem de ano, o movimento pede ajuda a todos os cidadãos para passar a mensagem: “Não Lixes a Passagem de Ano com lançamento de balões, em vez disso, acende uma vela à janela pelas vítimas de covid-19”.

Ainda que o gesto de lançar balões possa parecer inofensivo, o seu impacto na natureza não o é. “Uma coisa é poluirmos porque temos que andar de carro, não temos outro meio de transporte; outra é estarmos a poluir” deste modo, reforça o porta-voz do movimento que não se cansa de alertar consciências. Ao longo do ano, o grupo promove palestras de sensibilização em escolas, juntamente com acções de recolha de lixo e beatas.

Um estudo recente da Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO) sobre a poluição e as causas de morte da fauna marinha considerou os balões de látex um dos principais resíduos prejudiciais. Embora sejam objectos menos comuns que os outros classificados, como o plástico e as redes de pesca, são letais quando ingeridos.

As principais espécies afectadas pelos balões são as tartarugas marinhas e as aves marinhas. No caso das aves, estes são a causa de morte “32 vezes mais frequentemente do que o plástico rígido”, alertam na investigação. 

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