Explosão provoca desabamento de prédio em Lisboa. Há cinco feridos e um desaparecido
Buscas vão continuar durante a noite. Dos cinco feridos, quatro já tiveram alta e um está em estado grave. Uma pessoa continua desaparecida.
Uma explosão, este domingo de manhã, provocou o desabamento de um prédio em Lisboa e fez cinco feridos, um deles grave. Um homem de 24 anos, residente no prédio, está desaparecido.
O incidente ocorreu no número 41 da Rua de Santa Marta, em Lisboa. Um dos feridos encontra-se com queimaduras graves e foi transportado para o Hospital de São José, na cidade, onde, pelas 21h, ainda continuava, disse ao PÚBLICO o vereador da Protecção Civil da Câmara de Lisboa, Carlos Manuel Castro. Os restantes quatro feridos já tiveram alta hospitalar, depois de serem assistidos no Santa Maria.
O comandante dos bombeiros, Tiago Lopes, revelou que o incêndio foi extinto na fronte do edifício, estando, pouco depois das 9h, a ser combatido ainda no tardoz, embora circunscrito e sem perigo de propagar para os edifícios adjacentes.
Durante o dia, Carlos Manuel Castro adiantou aos jornalistas que no edifício viviam nove pessoas, uma das quais está desaparecida, e outras duas que não se encontravam no edifício.
Pelas 21h, ao PÚBLICO, o vereador informou que os trabalhos de remoção do entulho e dos escombros iriam continuar durante a noite. “Demorarão o tempo que for necessário até termos a percepção clara do que está debaixo do edifício”, disse.
A pessoa desaparecida residia no primeiro andar, que foi verificado através de equipas cinotécnicas e de observação por drone e por bombeiros, através de um veículo-escada.
“O que estamos a fazer é retirar os escombros e continuar agora a fazer um trabalho muito mais minucioso de continuar à procura, ver se está alguém no edificado ou não”, indicou o vereador da Protecção Civil, acrescentando que a indicação é que o jovem desaparecido, um homem de 24 anos, “estava dentro do edifício”.
Das 47 pessoas afectadas dos edifícios contíguos, 34 voltaram a um hostel que mostrou ter condições de habitabilidade. Outras 13 encontraram outros locais para pernoitar, não tendo sido necessário activar respostas por parte da Câmara de Lisboa. Quanto a quem estava no prédio e que precisa de um local para passar a noite, também já encontrou uma solução (havendo ainda uma pessoa no hospital).
De acordo com o vereador, na origem do incidente pode estar uma botija de gás.
"Grande estrondo"
O alerta foi dado pouco antes das 8h para uma explosão no prédio onde fica o Restaurante O Mastro. Segundo o site da Protecção Civil, foram mobilizados para o local 49 bombeiros e 18 viaturas.
Maria José Figueiredo, que vive nas traseiras da Rua de Santa Marta e é proprietária de uma marisqueira na Travessa do Enviado de Inglaterra, estava a dormir quando foi acordada por um estrondo.
“A cama saltou. O meu marido pensou que tinha sido um relâmpago, eu pensei que tinha sido um terramoto”, conta ao PÚBLICO, referindo que alguns dos habitantes do prédio que desabou são clientes habituais da marisqueira. “É uma situação muito delicada, uma grande aflição”, diz, enquanto tenta tranquilizar alguns dos vizinhos que procuram saber mais sobre o que aconteceu.
Já José Cruz, trabalhador numa pastelaria da Rua de Santa Marta, entrou ao serviço por volta das 7h, para adiantar algumas encomendas de Natal. Sozinho no interior da pastelaria, foi surpreendido por um “grande estrondo”, pensando que, devido à chuva dos últimos dias em Lisboa, pudesse tratar-se de uma carga de água.
“Mas depois olhei para o balcão da pastelaria e estavam os vidros todos estilhaçados, as luzes e os candeeiros no chão, tudo partido. Estava muito fumo, quase não conseguia ver nem respirar”, relata o pasteleiro. “Estava sozinho. Se aquilo tivesse caído em cima de mim, eu tinha ficado ali”, conta José Cruz, que saiu à rua e viu várias pessoas a pedirem socorro, tendo o seu carro sido destruído pelos destroços do prédio que desabou.
Equipa cinotécnica no local
Inicialmente, foi avançado que haveria dois desaparecidos. No entanto, Carlos Manuel Castro referiu que uma delas estava fora do prédio e já foi entretanto localizada.
Segundo o comandante Tiago Lopes, “uma das empenas do edifício não inspira confiança” para que os bombeiros possam entrar no edifício para realizar buscas, pelo que recorreram a uma equipa cinotécnica. “Caso os cães não detectarem qualquer vida, temos de entrar, com remoção dos escombros de forma meticulosa para não criar mais danos aos prédios contíguos também”, afirmou, destacando que este trabalho que pode demorar horas.
“Só podemos mexer uma pedra quando tivermos a certeza que não está ninguém por baixo”, acrescentou.
Entre as pessoas retiradas dos prédios vizinhos está Fred Santos, residente num hostel ao lado do prédio que desabou. Estava a dormir quando acordou com o susto. “Parecia uma bomba, um atentado terrorista. Fiquei muito assustado”, conta. Após o estrondo, olhou pela janela e encontrou um “prédio desabado e gente a pedir socorro”.
A parte da frente do edifício ruiu e várias projecções atingiram o Hospital de Santa Marta, segundo o vereador, mas a unidade hospitalar pode funcionar normalmente. A explosão também atingiu viaturas que estavam estacionadas na rua. Com Lusa