Quando era menina, ninguém fazia publicações sobre o papel dos musgos na protecção dos solos e, por isso, era com uma excitação imensa que acompanhava o meu pai ao campo para apanhar o macio tapete verde onde, horas mais tarde, sempre a 8 de Dezembro, a minha mãe depositava com uma paciência infinita as peças do nosso gigantesco presépio. E, enquanto montava um pequeno estábulo artesanal com palhinhas e cortava papel de alumínio para fazer um rio, ia-me contando a história do nascimento de Jesus. O meu pai, ateu convicto, às vezes resmungava um “estás a encher a cabeça da miúda com histórias da carochinha” que a minha mãe ignorava com uma elegância invejável, enquanto prosseguia a narrativa.
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