Chefe da diplomacia da UE pede a Santos Silva que vá a Moçambique como seu enviado

Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) anuncia cimeira em Janeiro para discutir a violência armada em Cabo Delgado.

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A violência em Cabo Delgado fez mais de duas mil mortes e 560 mil deslocados RICARDO FRANCO/Lusa

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, revelou nesta terça-feira que pediu ao ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, que se desloque a Moçambique como seu enviado, para abordar com as autoridades locais a situação em Cabo Delgado.

“Pedi ao ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, que assumirá a presidência [do Conselho da UE] dentro em breve, que se desloque à região como meu enviado pessoal, já que eu não posso ir por questões de agenda”, disse Borrell. “E pedi-lhe, como colega do Conselho, que dedique especial atenção durante a sua presidência ao que ocorre neste país, que de resto Portugal conhece muito bem”, acrescentou o Alto Representante da UE durante um debate no Parlamento Europeu, em Bruxelas, sobre a crise humanitária e de segurança no Norte de Moçambique.

Na frente regional, os chefes de Estado e de Governo da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) anunciaram que vão realizar uma cimeira extraordinária em Janeiro para discutir a violência armada em Cabo Delgado, anunciou a chefe da diplomacia moçambicana, Verónica Macamo.

A decisão foi tomada durante a reunião de consultas de alto nível da SADC realizada na segunda-feira em Maputo, que juntou o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e os chefes de Estado Cyril Ramaphosa, da África do Sul, Mokgweetsi Masisi, do Botswana, e Emmerson Mnangagwa, do Zimbabwe.

“A reunião acordou que a cimeira vai abordar a questão da segurança em Moçambique”, frisou Verónica Macamo, sem avançar mais detalhes.

A província de Cabo Delgado está desde há três anos sob ataque de insurgentes e algumas das incursões passaram a ser reivindicadas pelo grupo jihadista Daesh.

A violência está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 560 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.