Apesar do agravamento da pandemia, Bolsonaro mantém a melhor avaliação desde início do mandato
Maioria dos brasileiros diz que Presidente não é responsável pelas 181 mil mortes da covid-19, apesar de 42% considerarem que a gestão da pandemia tem sido má ou péssima. Na última semana, Brasil registou, em média, mais de 40 mil infecções diárias e mais de 600 mortes devido à covid-19.
Apesar do agravamento da pandemia de covid-19 no Brasil, o Presidente Jair Bolsonaro iguala a taxa de aprovação mais elevada desde que iniciou o mandato, de acordo com os dados da Datafolha revelados no domingo pelo jornal Folha de São Paulo.
De acordo com a sondagem, 37% dos brasileiros avaliam a presidência de Bolsonaro como boa ou óptima, o mesmo valor que tinha sido registado em Agosto deste ano, quando o Presidente teve a sua melhor avaliação desde que tomou posse no dia 1 de Janeiro de 2019. Em Junho deste ano, 44% dos brasileiros faziam uma avaliação má ou péssima do Governo.
No geral, 42% dos homens aprovam a presidência de Jair Bolsonaro, verificando-se uma maior aprovação nas pessoas entre os 45 e os 59 anos (42%). Em termos de profissão, os empresários (56%) são os que estão mais satisfeitos com o mandato de Bolsonaro, apesar de quase metade dos brasileiros mais ricos, que ganham mais de dez salários mínimos, fazerem uma avaliação negativa do mandato do chefe de Estado brasileiro – 47%. Já os estudantes são o grupo com maior nível de rejeição entre os entrevistados (49%).
Apesar de a sua aprovação continuar no nível mais elevado desde o início do seu mandato, Bolsonaro é o segundo Presidente com a pior avaliação desde a redemocratização em 1985, nota a Folha de São Paulo. Pior resultado, só o registado por Fernando Collor, Presidente entre 1990 e 1992, que era rejeitado por 48% do eleitorado e aprovado por apenas 15%.
No que diz respeito à covid-19, 42% dos inquiridos afirmam que a gestão da pandemia por parte de Bolsonaro é má ou péssima, no entanto, mais de metade dos brasileiros (52%) consideram que Bolsonaro não tem qualquer culpa pelas mortes causadas pela covid-19 – apenas 8% acusam o Presidente brasileiro de ser o principal responsável.
As mulheres tendem a ser mais críticas em relação ao trabalho de Bolsonaro na gestão da pandemia comparativamente aos homens – 47% das mulheres consideram o desempenho mau ou péssimo, contra 35% dos homens.
A maior parte dos entrevistados (53%) admite que o Brasil não fez o que era preciso para conter a pandemia, enquanto 22% afirmaram que o Governo tomou as medidas necessárias para evitar o elevado número de mortes.
Desde o início da pandemia, o Brasil registou mais de 6,9 milhões de infecções por SARS-Cov-2 – o terceiro país com maior número de casos no mundo, a seguir aos EUA e a Índia – e mais de 181 mil pessoas morreram devido à covid-19. Nos últimos sete dias, o país registou uma média superior a 40 mil infecções por dia e de mais de 600 mortes diárias devido à doença causada pelo novo coronavírus.
De acordo com a análise da Folha de São Paulo, a estabilidade na aprovação do Presidente revela um “estado de inércia da opinião pública”, que está na expectativa quanto à retoma do crescimento económico e do impacto da segunda vaga da pandemia no país.
Além disso, a popularidade de Bolsonaro coincide com a continuação do apoio de emergência de 600 reais (96 euros) mensais às famílias mais pobres, uma medida que entrou em vigor em Abril como resposta ao impacto da covid-19 e que é apontado como um dos factores que explicam a estabilidade na popularidade de Bolsonaro, especialmente no Nordeste.
Em Setembro, no entanto, o valor do apoio passou para metade, e no final do ano será extinto, o que poderá ter consequências na avaliação que os mais pobres fazem à presidência de Bolsonaro.
A sondagem da Datafolha foi realizada entre 8 e 10 de Dezembro, tendo sido entrevistadas 2016 pessoas. A margem de erro é de dois pontos percentuais.