Polícia morreu atropelado ao socorrer mulher agredida por companheiro
Agente, que estava fora de serviço, tentava impedir fuga do agressor. Foi transportado para o hospital em estado grave, mas não resistiu aos ferimentos.
Um agente que tentava auxiliar uma mulher que terá sido agredida na via pública pelo companheiro foi mortalmente atropelado na noite de sábado. A morte do agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) foi confirmada pela força policial este domingo e explicada em comunicado. O suspeito foi detido pela GNR e trata-se de um guarda prisional do Estabelecimento Prisional (EP) de Sintra, de 52 anos, revelou a Guarda à agência Lusa.
O incidente ocorreu pelas 21h45, no Rossio de São Brás, em Évora. O homem de 45 anos, agente da PSP, não estava de serviço quando presenciou as agressões e decidiu intervir em auxílio da vítima.
No documento enviado às redacções, a PSP descreve que "o agressor arrastou a mulher pelo chão”, obrigando-a a “entrar numa viatura”. Ao assistir à violência do homem com a companheira, o agente decidiu intervir e evitar que o agressor abandonasse o local. “Ao tentar impedir a fuga do agressor, o polícia foi atropelado pela viatura conduzida por aquele, sendo arrastado cerca de 40 metros”, prossegue a PSP, confirmando que após a fuga do local o suspeito foi interceptado por uma brigada da Guarda Nacional Republicana (GNR).
O agente de 45 anos, “casado e pai de dois filhos”, foi levado para o Hospital do Espírito Santo com ferimentos graves, mas acabaria por morrer às 0h54 deste domingo.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte do agente do Comando Distrital da PSP de Évora, vítima de atropelamento após uma intervenção policial, tendo já expressado as condolências à viúva.
“Foi com profunda consternação que o Presidente da República tomou conhecimento da morte do agente principal António José Pinto Doce, vítima de um brutal atropelamento em cumprimento da sua missão no Rossio de São Brás, em Évora”, refere uma nota da presidência, publicado no site.
“Mais um exemplo nacional de alguém que, mesmo não estando em serviço, deu a vida pelo próximo e a quem Portugal deve sentida homenagem”, refere Marcelo Rebelo de Sousa, que “já falou pessoalmente com a viúva do agente, dirigindo as mais sentidas condolências também aos seus filhos, familiares e amigos, assim como à Polícia de Segurança Pública, cujo director nacional recebe esta tarde em Belém e, em particular, ao Comando Distrital de Évora, onde diariamente António José cumpria a sua missão”.
O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, manifestou neste domingo “profundo pesar pela morte do agente principal António José Pinto Doce”, em nome do Governo. “Neste momento trágico, apresento as mais sentidas condolências aos familiares, amigos e a todos os polícias da Polícia de Segurança Pública que diariamente cumprem de forma abnegada a sua missão”, lê-se no comunicado enviado às redacções.
Contactada pela Lusa, fonte do Comando Nacional da GNR indicou que o suspeito foi detido, “às 3h50, na freguesia de Ranholas, no concelho de Sintra (Lisboa), junto ao estabelecimento prisional”. A detenção do homem, que “é guarda prisional naquele EP”, foi efectuada por militares do subdestacamento de Alcabideche da GNR, acrescentou.
O indivíduo encontrava-se, por volta das 11:30, ainda nas instalações da GNR em Alcabideche. “Ainda está detido nas instalações policiais”, disse a fonte da GNR contactada pela Lusa.
A Polícia Judiciária, a quem o caso foi já entregue, “está a fazer algumas acções de peritagem” e, por isso, “ainda não há informações” sobre quando o suspeito irá ser presente a primeiro interrogatório judicial, afirmou a mesma fonte. com Lusa