Covid-19: GNR detém 30 pessoas por eliminação ilegal de resíduos sanitários

Empresa diminuiu o tempo de tratamento necessário dos resíduos, para aumentar os lucros, segundo concluiu a investigação internacional.

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A operação internacional decorreu em vários países europeus Adriano Miranda

A GNR deteve 30 pessoas por eliminações ilegais de resíduos sanitários relacionadas com a covid-19 e apreendeu material no valor de 790 mil euros, numa fiscalização realizada a mais de duas mil empresas, hospitais e centros de saúde.

Segundo um comunicado da Europol (Serviço Europeu de Polícia), divulgado esta segunda-feira, a acção da GNR integrou-se na vasta operação Retrovírus de combate à eliminação e transporte ilegais de resíduos sanitários, que envolveu 30 países e na qual foram realizadas cerca de 280 mil inspecções a várias instalações e detidas 102 pessoas.

A Guarda Nacional Republicana (GNR) fiscalizou mais de duas mil empresas, hospitais e centros de saúde, tendo detido 30 pessoas, apreendido material no valor de 790 mil euros e aplicado coimas por violações administrativas.

A unidade ambiental da Guarda Civil Espanhola, SEPRONA investigou as actividades de uma empresa que opera em Barcelona, Madrid, Múrcia, Valência, Tarragona e Zaragosa e que tinha ligações com outra organização que operava em Lisboa.

A polícia espanhola realizou buscas em nove locais e deteve 20 pessoas por crimes contra o meio ambiente, direitos de trabalho e saúde pública. “O lixo sanitário, colectado pela empresa, normalmente era esterilizado em alta pressão para eliminar todos os componentes perigosos, mas para aumentar os lucros foi reduziu o tempo de tratamento, fazendo com que os resíduos não fossem devidamente esterilizados, o que provocava riscos elevados para a saúde pública”, refere a Europol.

As autoridades também fiscalizaram o transporte de resíduos sanitários em toda a União Europeia e as polícias da República Checa, Polónia, Roménia e Eslováquia identificaram carregamentos ilegais, que foram devolvidos ao país de origem.

Outra tendência identificada durante a operação foi a possível poluição de águas residuais urbanas. A Guarda Civil Espanhola lançou a operação Arcovid para investigar os tratamentos de filtração da água para poluentes e a possível presença do novo coronavírus.

Desde o início da pandemia, as autoridades policiais detectaram um “crescimento potencial do tratamento e eliminações ilegais de resíduos sanitários" o que levou as autoridades de vários países a realizarem inspecções e verificações nas instalações e transporte de resíduos sanitários, “que foram cruciais para impedir o tráfico ilegal, armazenamento, despejo e transporte de resíduos e fraude”.

Trinta países participaram na operação Retrovírus, incluindo a Direcção-Geral do Ambiente da Comissão Europeia, a Rede EnviCrime, Frontex, INTERPOL, o projecto El PAaCTo e a Rede da União Europeia para a Implementação e Aplicação da Legislação Ambiental (IMPEL).

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.453.074 mortos resultantes de mais de 62,5 milhões de casos de infecção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.